O processo de desinflação na zona euro, de abrandamento da subida de preços no consumidor, foi retomado em maio. A estimativa rápida publicada esta quinta-feira pelo Eurostat, o organismo de estatísticas da União Europeia, aponta para uma inflação de 6,1% em maio, depois de ter subido para 7% no mês anterior. A pressão para o abrandamento em maio veio da queda de preços de 1,7% no sector da energia.
A inflação em Portugal, segundo o índice harmonizado de preços no consumidor, usado pelo Eurostat, desceu em maio para 5,4%, ficando abaixo da média da zona euro.
Preços da energia em queda, mas cabaz alimentar continua a encarecer
A inflação na zona euro desceu para 6,1% em maio, depois de ter subido para 7% em abril. Este abrandamento do ritmo, avançado pelo Eurostat esta quinta-feira, está medido em termos homólogos, ou seja, em relação ao mesmo mês do ano anterior.
O processo de desinflação (de descida do ritmo de subida dos preços) foi retomado, depois da aceleração em abril. A inflação desceu de 8,6% em janeiro para 6,1% em maio; um abrandamento de 2,5 pontos percentuais em cinco meses.
O fator que reimpulsionou o processo de desinflação em maio foi a queda de preços na componente dos produtos de energia, onde se registou uma redução de 1,7% em termos homólogos e 2,2% em relação ao mês anterior (o que os economistas designam por variação em cadeia).
Apesar do abrandamento geral em maio da subida dos preços nas outras componentes, a inflação no sector dos alimentos, álcool e tabaco ainda está muito elevada, em 12,5%. Em abril tinha sido mais elevada, situando-se em 13,5%. Na componente que mais pesa no cabaz mensal dos consumidores, o encarecimento da alimentação ainda continua em dois dígitos.
Inflação em Portugal abaixo da média
A estimativa para a inflação em Portugal em maio aponta para 5,4%, abaixo da média da zona euro (6,1%) e registando um recuo significativo em relação a abril (6,9%). Esta estimativa avançada pelo Eurostat diz respeito ao Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (IHPC), usado pelo Eurostat nas comparações internacionais, e que é distinto do Índice de Preços no Consumidor (IPC) avançado pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em Portugal. O IPC, segundo o INE, terá subido 4% em maio em termos homólogos.
A zona euro continua a revelar um mapa da inflação muito fragmentado, com níveis muito díspares. Um pequeno grupo formado pela Bélgica, Espanha e Luxemburgo regista ritmos mensais de inflação abaixo de 3%. No nosso vizinho peninsular, a inflação em maio terá sido de 2,9%, o que compara com 5,4% em Portugal. O ritmo inflacionista português é quase o dobro do espanhol.
No extremo oposto, há um grupo de economias do euro que continuam a registar inflação de dois dígitos: os três países bálticos e a Eslováquia. Esta última economia do Leste registou a taxa mais alta na zona euro em maio, 12,3%.
BCE continua pressionado pela inflação subjacente elevada
Apesar de o ritmo ter abrandado, a inflação subjacente, que exclui as componentes mais voláteis (energia e alimentação nomeadamente), ainda se mantém acima de 5%. A trajetória tem sido descendente nos últimos três meses: desceu de 5,7% em março para 5,6% em abril e 5,3% em maio.
O nível é ainda muito elevado para convencer a maioria do conselho do Banco Central Europeu (BCE) a avançar para uma pausa no ciclo de subida dos juros nas próximas reuniões a 15 de junho e 27 de julho. O BCE já subiu os juros em 375 pontos-base desde julho do ano passado.
Na reunião mais recente, em maio, optou por aumentar a taxa apenas em 25 pontos-base (um quarto de ponto percentual), mas a presidente Christine Lagarde negou que esse abrandamento no aperto significasse que estariam a antecipar uma pausa nos aumentos. O consenso no conselho é que o aperto tem de continuar até que a inflação global e a subjacente mostrem uma trajetória descendente significativa.