Economia

Economia portuguesa cresceu 2,5% no primeiro trimestre, impulsionada pelas exportações

Dados do Instituto Nacional de Estatística confirmam a estimativa inicial e mostram que o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB foi nulo, com o crescimento a resultar do contributo da procura externa líquida

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O Produto Interno Bruto (PIB) português cresceu 2,5% em termos homólogos no primeiro trimestre deste ano, ou seja, em relação ao mesmo período do ano passado. Este número compara com 3,2% no quarto trimestre de 2022.

Já em cadeia, isto é, em relação aos três meses anteriores, o PIB avançou 1,6%, valor bem acima dos 0,3% registados no último trimestre de 2022, e o mais expressivo desde os primeiros três meses do ano passado.

Os dados foram publicados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), e confirmam os números avançados na estimativa rápida, no final de abril.

Neste crescimento, a economia portuguesa contou com o impulso das exportações.

Procura externa explica totalidade do crescimento

O INE destaca que o contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB foi nulo, em resultado de uma desaceleração do consumo privado e de uma queda do investimento - neste caso, refletindo, principalmente, o contributo negativo da variação de existências, isto é, dos stocks das empresas.

O crescimento homólogo nos primeiros três meses do ano resultou, assim, por completo, do contributo positivo da procura externa líquida. O INE aponta que as exportações de bens e serviços aceleraram, enquanto as importações abrandaram.

Olhando em detalhe para a procura interna, o INE salienta que, em termos reais, “verificou-se uma desaceleração do consumo privado (inclui as instituições sem fim lucrativo ao serviço das famílias)”, com um crescimento de 1,8% em termos homólogos no primeiro trimestre. Esta valor compara com 2,8% no trimestre anterior.

Já o o consumo público (que traduz as despesas de consumo final das Administrações Públicas) registou um ligeiro crescimento de 0,2%. É uma taxa inferior em 1,2 pontos percentuais (p.p.) à do trimestre anterior.

Quanto ao investimento diminuiu 6,1% em termos homólogos nos primeiros três meses deste ano, após um aumento de 1% no quarto trimestre de 2022.

É certo que esta queda do investimento foi, “em grande medida, determinada pelo comportamento da variação de existências, que registou um contributo para a variação homóloga do PIB de -1,2 p.p.”.

Mas, mesmo considerando apenas a formação bruta de capital fixo (FBCF) - o indicador-chave na análise do investimento - verificou-se uma contração, ainda que ligeira (-0,1%). Uma evolução onde pesa a FBCF em construção, que caiu 6,5% em termos homólogos no primeiro trimestre deste ano.

Turismo puxa pelas exportações, bens também ajudam

Quanto à frente externa, as exportações de bens e serviços aceleraram em volume (ou seja, em termos reais), com uma subida de 10,9% em termos homólogos no primeiro trimestre deste ano. Valor que compara com 7,7% no trimestre anterior.

Esta aceleração contou com o contributo tanto dos bens como dos serviços.

As exportações de bens cresceram 6,3% em termos homólogos no primeiro trimestre deste ano, mais 2,1 p.p. do que no trimestre anterior. E as exportações de serviços passaram de uma variação de 15,1% no quarto trimestre de 2022, para 20,4% nos primeiros três meses deste ano, com o INE a destacar “o contributo significativo da componente do turismo para a referida aceleração”.

Ao mesmo tempo, as importações de bens e serviços abrandaram, passando de um crescimento de 5,4% no quarto trimestre de 2022, para 4,9% nos primeiros três meses deste ano.

Foi o reflexo de um crescimento menos intenso da componente de bens, que se fixou em 4,1% (5,3% no quarto trimestre de 2022). Em sentido contrário, “verificou-se uma aceleração das importações de serviços para uma variação homóloga de 9,5%, que compara com uma taxa de 6,3% no quarto trimestre” de 2022, indica o INE.

Olhando agora para o crescimento da economia portuguesa em cadeia no primeiro trimestre deste ano (1,6%), o INE frisa que foi “determinado pelo contributo da procura externa líquida”. Já o contributo da procura interna foi negativo (-0,8 p.p.).