A escalada dos preços tornou o ano 2022 particularmente difícil para muitas famílias que tiveram de cortar na alimentação. Como mostram os dados das contas nacionais publicados esta semana pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o consumo de bens alimentares recuou em termos reais pela primeira vez desde os anos da troika. A queda foi de 2,3% que, não só não acontecia desde 2012, como é maior descida desde o início da série do INE em 1995.
Na prática, os portugueses pagaram mais caro pelos alimentos – por causa da inflação – e levaram menos produtos para casa. Uma evolução onde também pesa o efeito de base, já que em 2021 esse consumo em bens alimentares tinha atingido um recorde, na sequência da pandemia de covid 19.
Os dados do INE mostram, no entanto, outra realidade completamente oposta e que reflete o facto de nem todas as familias estarem a sofrer da mesma forma com a escalada dos preços: o consumo de bens duradouros (como carros, mobília, eletrodomésticos, telemóveis ou computadores) cresceu no ano passado, em termos reais, para o nível mais alto desde 2019. E o consumo em bens correntes não alimentares e serviços atingiu mesmo um novo máximo histórico em volume.