Economia

Inflação na Alemanha acelera e Bundesbank defende mais subidas dos juros depois de março

O Bundesbank apela a uma nova subida das taxas de juro no mesmo dia em que se conheceram os dados da inflação na Alemanha: uma nova subida, para 9,3%

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O presidente do Bundesbank, Joachim Nagel, afirmou, esta quarta-feira, que são necessárias mais subidas das taxas de juro na zona euro depois de março, dado que a inflação se mostra persistente.

Em conferência de imprensa em Frankfurt, Nagel disse que as pressões sobre os preços continuam muito elevadas tanto na zona euro como na Alemanha.

A declaração acontece no mesmo dia em que o gabinete de estatística alemão, Destatis, anunciou que a inflação acelerou para 9,3% em fevereiro (medida pelo IHPC, índice harmonizado de preços ao consumidor). De acordo com a nota do gabinete, em fevereiro os preços dos alimentos subiram 21,8% face a fevereiro do ano passado (20,2% em janeiro). Por outro lado, os preços da energia cresceram a um ritmo menor (19,1% em fevereiro, contra 23,1% em janeiro).

O Banco Central Europeu (BCE) subiu desde julho passado as taxas de juro em 300 pontos base, para 3%, e já indicou que tenciona aprovar uma nova subida de 50 pontos base na reunião de março, afirmou Nagel.

"Depois também podem ser necessários mais passos decisivos quanto às taxas de juro", considerou o presidente do banco central alemão, sem referir o nível terminal que considera apropriado.

Nagel disse que é necessária "uma política monetária decisiva" para que a inflação baixe. Na Alemanha, a taxa de inflação foi de 8,7% em 2022.

O presidente do Bundesbank disse que a inflação já tinha começado a subir antes da invasão russa da Ucrânia, mas com a guerra e os seus efeitos aumentou consideravelmente.

Nagel considerou também que a "redução da carteira de dívida (do BCE) em 15.000 milhões de euros mensais é um bom começo".

Em dezembro, o BCE anunciou que a diminuição da sua carteira de ativos do programa de compra dívida APP diminuirá em média a um ritmo mensal de 15 mil milhões de euros a partir de março e até ao final do segundo trimestre de 2023, deixando de reinvestir os títulos que vencem.

Nagel disse que esse ritmo poderá aumentar e que posteriormente deve ser avaliada a diminuição da carteira de dívida adquirida com o programa de compra de ativos devido à emergência pandémica (PEPP).

O Conselho do BCE tem dito que tenciona reinvestir os pagamentos dos títulos adquiridos no contexto do programa PEPP pelo menos até ao final de 2024.