O banco Santander vai lançar cinco depósitos a prazo em Portugal, um dos quais para pequenas poupanças - entre 500 euros e 2500 euros - com uma taxa de juro de 2%.
O banco, que até agora oferecia remunerações de 0,01%, vai também avançar com um depósito a prazo dedicado aos mais jovens, com idade inferior a 18 anos, para, como diz o banco liderado por Pedro Castro e Almeida, “promover a literacia financeira”.
Este produto (denominado Poupança Jovem) tem também uma remuneração de 2%.
Quer o depósito a prazo Pequena Poupança quer o Poupança Jovem têm um prazo de 6 meses e é preciso que o cliente tenha um cartão Santander. Ambos podem ser subscritos a partir de 1 de março.
A 2 de fevereiro o presidente do Santander afirmava - na apresentação de contas de 2022, em que o banco apresentou lucros de 607 milhões de euros, o melhor resultado de sempre - que, tendo em conta o atual contexto, aumentar os juros seria uma forma de “responsabilidade social”, depois de ter sido questionado sobre por que razão o Santander ainda não tinha mexido nas remunerações dos depósitos.
O gestor afirmou que “o nível de concentração dos depósitos em Portugal é muito grande”, pelo que seriam os mais ricos a ser beneficiados (por aumentos nas taxas dos depósitos), já que 80% dos portugueses não têm poupança nenhuma".
Duas semanas depois o Santander responde com cinco produtos destinados a pequenas e a grandes poupanças. As taxas são maiores mas existem condições e prazos distintos para cada um dos produtos.
Os outros três depósitos a prazo - Premium, Premium + e Crescente Vinculada - vão ser remunerados trimestralmente com taxas de juros crescentes até 1,5%, 2% e 1,75%, respetivamente. O prazo do depósito Premium e Premium + é de 24 meses e o Crescente Vinculada de 12 meses.
Todos eles, segundo comunicado do banco esta quinta-feira, se destinam a clientes com recursos entre os 10 mil euros e os 500 mil euros, mas os dois primeiros podem ser subscritos a partir de 22 de fevereiro.
Recorde-se que os bancos, apesar da subida das taxas de juros, não têm mexido nas remunerações dos depósitos, mesmo sob pressão pública para o fazerem.
Mário Centeno, governador do Banco de Portugal, a 10 de janeiro dizia: “já há instituições bancárias que oferecem em novos depósitos taxas superiores a 1%”, e que há que “ter paciência”, referindo mesmo que o Banco de Portugal nada pode fazer para obrigar os bancos a subirem as taxas de juro dos depósitos na mesma dimensão da que estão a fazer com o crédito.
A taxa de juro média nos depósitos inferior a um ano foi em dezembro de 0,3% e a mais de um ano era de 0,78%, segundo dados do Banco de Portugal.
E nos outros bancos já houve mexidas?
Este ano, entre os maiores bancos do sistema financeiro português, só o banco público mexeu na remuneração dos depósitos a prazo.
A CGD, liderada por Paulo Macedo, deu o pontapé de saída e subiu a remuneração de depósitos mas só para quem tem mais de 100 mil euros e desde que não levante a poupança durante 15 meses, como já noticiou o Expresso.
O Novo Banco lançou no início de fevereiro um depósito a prazo a um ano que remunera até 2% para montantes até 250 mil euros.
O presidente executivo do BPI, João Pedro Oliveira e Costa, na apresentação de contas a 3 de fevereiro, questionado sobre a subida dos juros nos depósitos, afirmou estar atento à evolução das taxas de juro, a propósito da subida de mais 50 pontos-base por parte do BCE, e deixou a nota de que o banco “tem várias soluções para remunerar as poupanças dos clientes” e que “em breve iremos remunerar os depósitos a prazo”.
A remuneração dos depósitos não está associada a nenhum indexante e é por isso de remuneração livre, acordada com o cliente, por isso quando existe subida das taxas a remuneração dos depósitos não tem uma variação automática, como acontece no crédito, que está associado a um indexante, a Euribor.
Apesar de as taxas de juro terem subido é normal haver uma demora no aumento da remuneração dos depósitos a prazo.
Entre os restantes bancos de maior dimensão, as taxas do BCP, Montepio e Crédito Agrícola ainda se mantém reduzidas, havendo algumas próximas de 1%, valores relativos a 2022.
É expectável que entre os maiores bancos do sistema outros possam começar a subir a remuneração dos depósitos a prazo.