Portugal colocou esta quinta-feira 3 mil milhões de euros em dívida a vencer em junho de 2038. A operação realizada pela Agência de Gestão da Tesouraria e da Dívida Pública (IGCP) foi sindicada junto de um grupo de bancos, tendo pago um juro de 3,689%, segundo comunicado da instituição. No fecho da operação, registou-se nos livros de ordens uma procura superior a 17,9 mil milhões, e o spread era de 75 pontos-base em relação à taxa mid-swaps de 2,939% naquela maturidade. A procura foi 5,9 vezes superior à emissão.
Ainda segundo o comunicado do IGCP, os principais tipos de investidores foram gestores de fundos (39,1%) e bancos (21,5%) e a proveniência maioritária do Reino Unido (24,2%) e de França/Itália/Espanha (23,9%).
Esta nova linha de Obrigações do Tesouro (OT) passa a servir de nova referência (benchmark) da dívida pública a 15 anos. Até agora a referência nessa maturidade era a linha de obrigações a vencer em 2037, que registava, esta quinta-feira, no mercado secundário (onde se transacionam os títulos entre investidores) um juro (yield) de 3,56%. Durante 2022, o IGCP não realizou nenhum leilão desta obrigação. No último leilão realizado desta linha, em novembro de 2021, o Tesouro pagou, então, 0,622%. Fruto do aperto da política monetária pelo Banco Central Europeu em 2022, os juros das OT dispararam.
Para Filipe Silva, Diretor de Investimentos do Banco Carregosa, “o aumento que temos vivido nas taxas de juro, tem levado a uma subida dos prémios de risco de todas as dívidas soberanas, com impacto imediato no custo de financiamento de cada país. Portugal vê agora refletido nesta emissão este agravamento no custo de financiamento, tendência que se deverá manter pelo menos até termos uma inversão do discurso por parte dos bancos centrais, que só acontecerá quando a inflação der sinais de inversão e começar a voltar para os valores mais próximos de 2%”.
A Irlanda também foi esta quinta-feira ao mercado realizando uma operação sindicada para uma nova linha de obrigações ‘verdes’ a 20 anos (com vencimento em outubro de 2043), tendo colocado 3,5 mil milhões de euros a um juro de 3,1%, segundo o jornal Irish Times. A procura foi 10 vezes superior.
No Japão, o Tesouro realizou um leilão de títulos a 10 anos tendo pago 0,5%, o dobro do juro registado na operação no mês passado. No Reino Unido, realizou-se um leilão de obrigações a 5 anos, com o juro pago a subir de 3,472% (na operação anterior em dezembro) para 3,665%. O Tesouro britânico colocou 3,5 mil milhões de libras (cerca de 4 mil milhões de euros)
Tesouro prevê colocar em 2023 quase €20 mil milhões em obrigações
Depois de dois meses de ausência, Portugal regressou esta quinta-feira ao mercado de dívida obrigacionista com uma operação sindicada de colocação de uma nova linha a vencer em junho de 2038. É a primeira operação do ano. O IGCP sindicou a operação a seis bancos: Barclays, BPN Paribas, Goldman Sachs Bank Europe, JP Morgan, Morgan Stanley e Novo Banco. A nova linha de OT passa a servir de referência na dívida a 15 anos.
O IGCP prevê colocar este ano 19,8 mil milhões de euros em obrigações, mais 7,8 mil milhões do que no ano passado, segundo o programa de financiamento divulgado esta semana.
Em 2022, o Tesouro realizou duas operações sindicadas lançando novas referências para a dívida a 10 anos (a vencer em 2032) e a 20 anos (a vencer em 2042). A primeira operação sindicada realizou-se a 12 de janeiro, colocando 3 mil milhões de euros na nova OT a vencer em 2042. A segunda operação sindicada ocorreu em abril, com a colocação de mais 3 mil milhões de euros, na nova linha a vencer em 2032.
Segundo o programa de financiamento para 2023, o IGCP prevê financiar as necessidades do Estado em 23,9 mil milhões de euros e reforçar a almofada financeira em 2 mil milhões de euros (aumentando-a para 8 mil milhões de euros no final do ano). Além da emissão de dívida obrigacionista já referida, o Tesouro vai colocar Bilhetes do Tesouro (dívida de curto prazo) e Certificados e recorrer a 300 milhões de empréstimos da União Europeia.