O ano de 2020 foi o canto do cisne do “mercado touro” mais longo da História, que começou em 2009. Depois de um “mercado urso” muito curto no início da pandemia, de apenas 33 dias - o mais curto de sempre, contabiliza o Nasdaq, numa reação ao fecho inaudito e quase simultâneo dos países - as ações norte-americanas reagiram com júbilo ao dinheiro que os governos injetavam na economia para salvá-la da catástrofe.
O grupo restrito de tecnológicas de crescimento rápido mais bem-sucedidas conhecido como FAANG, as iniciais dos então nomes das empresas em questão (Facebook, Amazon, Apple, Netflix, e Google) resistiu com ganhos à suspensão da vida desses anos.
Mas chegaram 2021 e 2022, e com eles a inflação, a normalização acelerada da política monetária, e a ameaça de recessão a pender sobre a cabeça de economias como a norte-americana.
Os resultados do terceiro trimestre destas empresas, divulgados nas duas últimas semanas, e as previsões que algumas delas anteciparam aos mercados em relação ao curto-prazo, provocaram reações extremadas em bolsa, com destruição de riqueza numa única semana na ordem de 325 mil milhões de euros - à excepção da Netflix e da Apple, que valorizaram-se no acumulado da semana, mas que carregam perdas de 51% e 14%, respetivamente, desde janeiro.
Já para Nuno Mello, diretor de vendas da XTB, diz ao Expresso que as tecnológicas de crescimento acelerado têm fatores adicionais de pressão em bolsa. E exemplifica com a alavancagem destes negócios, "dos mais prejudicados [nos mercados] porque são habitualmente as empresas mais endividadas. São empresas que reinvestem o lucro no negócio. Mais divida numa altura em que as taxas de juro estão a subir, significa mais despesa para empresa”.