“A autossuficiência de Portugal no sector dos laticínios está em causa e, consequentemente, a soberania alimentar nacional está comprometida". A frase é de Casimiro de Almeida, presidente da ANIL - Associação Nacional dos Industriais de Lacticínios, para alertar que no respeita a leite, queijo ou iogurtes, tal como noutros sectores de atividade, o tema da autosuficiência e da dependência económica de terceiros "não é uma questão menor, como a atual conjuntura tem vindo a provar".
O dirigente associativo referiu as "grandes dificuldades" enfrentadas pelas empresas neste momento, apontando fatores como as subidas dos preços da energia, dos custos da alimentação animal e dos adubos, mas também a dificuldade de fazer repercutir tudo isto no preço final.
No Encontro Nacional de Lacticínios, esta sexta-feira, Casimiro de Almeida fundamentou este alerta referindo que "a cadeia de valor do sector opera com margens de comercialização exíguas".
“Com o devido respeito pelas novas tendências de trabalho geradas pela pandemia e potenciadas pela evolução das tecnologias de comunicação, não é com os nómadas digitais que vamos assistir à inversão dos fluxos populacionais para o litoral”
“A sobrevivência do setor da exploração leiteira está em causa”, sublinhou certo de que "quando uma exploração encerra, normalmente o produtor não retorna esta atividade" e apelando ao Estado para a adoção de medidas orçamentais a nível fiscal tendo em conta a subida exponencial dos custos, das taxas de juro e o respetivo impacto na rendibilidade das empresas.
O presidente da ANIL deixou ainda uma nota sobre a importância deste e doutros sectores para a revitalização e fixação de população no interior. “Com o devido respeito pelas novas tendências de trabalho geradas pela pandemia e potenciadas pela evolução das tecnologias de comunicação, não é com os nómadas digitais que vamos assistir à inversão dos fluxos populacionais para o litoral”, disse.
"É sim, com a criação de condições para a sustentabilidade da produção e geração de valor em setores como este dos lacticínios", afirmou em defesa da importância da fileira láctea num pais que quer fixar populações em zonas agrárias e no interior, reduzir o fluxo migratório para o litoral, desenvolver áreas geográficas não urbanas.