Economia

Energia: Comissão Europeia disponível para apoiar interligações na Península Ibérica

Bruxelas está disponível para apoiar interconexões energéticas na Península Ibérica, diz a comissária europeia da Energia, Kadri Simson, que destaca o "bom exemplo" do Porto de Sines no gás natural liquefeito

Kadri Simson
ADNAN ABIDI/Reuters

A Comissão Europeia garante estar disponível para apoiar interconexões energéticas na Península Ibérica, lembrando verbas comunitárias existentes para financiar ligações para eletricidade e hidrogénio 'verde' e destacando o "bom exemplo" do Porto de Sines no gás natural liquefeito.

"A Comissão e os Estados-membros estabeleceram grupos regionais de alto nível para facilitar o desenvolvimento de infraestruturas numa região específica e Portugal, Espanha e França pertencem ao grupo do sudoeste europeu. No plano [energético] REPowerEU, a Comissão manifestou a sua disponibilidade para ajudar a Península Ibérica a acelerar a implementação das suas infraestruturas através do trabalho deste grupo regional", recorda em entrevista por escrito à agência Lusa a comissária europeia da Energia, Kadri Simson.

Na entrevista concedida por escrito precisamente devido às várias deslocações de Kadri Simson no quadro da atual crise energética, a responsável recorda que "os fundos da UE do Mecanismo Interligar a Europa estão disponíveis para projetos marcados como projetos de interesse comum".

"Tanto os projetos de eletricidade como os projetos de hidrogénio são potencialmente elegíveis para tal ao abrigo do regulamento revisto relativo às redes transeuropeias de energia", aponta a responsável, dias antes de os chefes de Governo de Portugal, Espanha e França se voltarem a reunir para discutir a matéria das interconexões, antes do Conselho Europeu desta semana em Bruxelas, dedicado à crise energética.

No que toca ao REPowerEU, a comissária europeia lembra à Lusa que esse pacote "salientou também que é relevante para a Península Ibérica acelerar a implementação do seu projeto de interligação elétrica, abrangendo o Golfo de Biscaia entre França e Espanha, interligação Portugal e Espanha, agrupamento de linhas internas em Portugal e as chamadas travessias dos Pirenéus entre Espanha e França".

"O projeto do Golfo da Biscaia já recebeu apoios da UE no valor de 578 milhões de euros através do Mecanismo Interligar a Europa. As linhas internas em Portugal também receberam ambos 250 mil euros do Mecanismo Interligar a Europa para estudos preparatórios e, além desse mecanismo, estes projetos também poderiam receber financiamento ao abrigo do capítulo REPowerEU do fundo de recuperação e resiliência", precisa Kadri Simson, na resposta dada à Lusa.

O pacote energético RepowerEU prevê a aposta neste tipo de interligações ibéricas, esperando Portugal que se avance com projetos já antigos de interconexão com Espanha, para assim chegar ao resto da Europa, quer de eletricidade, como de gás (natural e, futuramente, hidrogénio).

Apresentado pela Comissão Europeia em maio passado, o REPowerEU é o plano de Bruxelas para aumentar a resiliência energética europeia e tornar a UE independente dos combustíveis fósseis russos antes de 2030, no seguimento da guerra da Ucrânia e dos problemas no abastecimento.

Espanha e Portugal têm vindo a reivindicar um aumento das interconexões por a Península Ibérica ter poucas interligações energéticas com o resto da UE.

Questionada pela Lusa relativamente ao Porto de Sines, um dos maiores da União Europeia dada a tonelagem de carga movimentada nos terminais, Kadri Simson assinala que o seu papel deve "ser avaliado numa perspetiva mais ampla, uma vez que a Península Ibérica continua a ter fracas ligações relativamente ao resto da UE".

"O REPowerEU destaca o potencial da Península Ibérica para contribuir para a segurança do aprovisionamento da UE", pelo que "estamos cientes dos planos para que o Porto de Sines se torne um dos maiores centros verdes da Europa e, naturalmente, acolhemos favoravelmente tais intenções", refere ainda a responsável.

Para Kadri Simson, o Porto de Sines é um "bom exemplo em que está planeado o transporte de hidrogénio para o resto da Europa, fazendo bom uso das infraestruturas portuárias existentes" para o gás natural liquefeito.