Economia

Grupo Barraqueiro é um dos investidores portugueses ligado à proposta de construção de um aeroporto em Santarém

Dos aviões para as infraestraturas. Ex-acionista da TAP, Humberto Pedrosa pode vir a manter a ligação à aviação. O Grupo Barraqueiro é um dos investidores portugueses associados à proposta de Santarém como a nova localização para o futuro aeroporto internacional

O empresário, saiu da TAP em dezembro de 2021, é um dos promotores do projeto da construção de um novo aeroporto em Santarém
Foto José Caria

Da TAP para os aeroportos. Há um conjunto de promotores e investidores nacionais e estrangeiros que estão há três anos a estudar a localização de Santarém para a construção de um novo aeroporto, como o Expresso noticiou, e têm já um projeto desenhado para avançar. O grupo Barraqueiro, de Humberto Pedrosa, é um dos promotores portugueses envolvidos neste projeto, apurou o Expresso.

Humberto Pedrosa não confirma. Fonte oficial do Grupo Barraqueiro, questionada sobre se o empresário estaria ligado ao projeto do aeroporto localizado em Santarém, afirmou apenas que não comentava.

O grupo de investidores, do qual o ex-acionista da TAP faz parte, propõe-se construir o novo aeroporto na região de Santarém, sem qualquer investimento público e de forma faseada. O financiamento seria realizado através das atuais taxas aeroportuárias e os promotores afirmam que o aeroporto pode arrancar com um investimento inferior a mil milhões de euros, se se avançar inicialmente apenas com uma pista, alargando depois à medida que a procura for crescendo.

Os promotores alegam que as acessibilidades seriam uma das vantagens do projeto, já que a região está integrada em dois eixos vitais: a autoestrada A1, que liga Lisboa ao Porto, e a linha de caminho de ferro que liga o país de norte a sul. Aliás, Humberto Pedrosa está também interessado em investir na área ferroviária, e na alta velocidade, tendo inclusive já notificado a Autoridade da Mobilidade e dos Transportes dos seu interesse em operar sete comboios, entre Braga e Faro.

Há um grupo de investidores privados que anda há cerca de três anos a estudar uma nova localização para o futuro aeroporto português: a região de Santarém. Admitem começar apenas como uma infraestrutura regional e, na versão mais curta, com uma pista e um investimento que poderá ser inferior a mil milhões de euros, segundo apurou o Expresso.

Não precisam de investimento público, e esse é um dos trunfos alegados para esta nova localização, que o Expresso já tinha noticiado em meados de julho. O investimento será financiado pelas taxas aeroportuárias em curso, conforme pode ler-se num documento de apresentação da proposta a que o Expresso teve acesso.

Investidores nacionais e estrangeiros. Pedrosa voa para os aeroportos

Há entre os promotores e investidores capital nacional e estrangeiro. O grupo Barraqueiro é um dos promotores. Humberto Pedrosa, que foi juntamente com o norte-americano, David Neeleman, acionista de controlo da TAP - chegaram a ter 60% do capital, mas reduziram para 49% quando o governo de António Costa retomou a maioria do capital.

Humberto Pedrosa saiu da transportadora no final de 2021, cerca de um ano e meio depois de Neeleman, e sem receber nada, já que nessa altura a empresa já estava nacionalizada praticamente a 100%. O empresário nunca se quis pronunciar sobre o assunto, mas também não mostrou qualquer animosidade contra o Estado.

“Existe o interesse manifestado por parte de operadores e investidores ‘tier one’ mundiais, que acompanham e ou participam na elaboração e evolução dos estudos há mais de dois anos e que têm interesse em integrar o consórcio para o investimento e a gestão do novo aeroporto”, lê-se no documento de apresentação da proposta de localização em Santarém.

Apesar de ser um investimento que se autofinancia não poderá, contudo, avançar sem o apoio do Estado, que acabará por estar envolvido no necessário processo de licenciamento aeroportuário e na eventual atribuição do caráter e de investimento estratégico, do tipo Projeto de Interesse Nacional (PIN).

Os promotores defendem também que para avançar não será necessária a luz verde ou concordância da concessionária ANA, uma vez que esta localização fica fora da sua área de exclusividade, que são 75 quilómetros, contabilizados a partir dos aeroportos que controla.

A ANA — embora afirme que está disponível para investir onde o Governo quiser, tem mostrado preferência pelo investimento no Montijo, projeto que foi já, aliás, alvo de um memorando de entendimento assinado com o Estado português — deixará assim de ser um entrave jurídico.