O lucro do BPI cresceu 9% no primeiro semestre deste ano, totalizando 201,3 milhões de euros. O resultado em Portugal praticamente estagnou, mas as operações internacionais, em Angola e Moçambique, subiram as suas contas.
A atividade em Portugal fixou-se em 85 milhões de euros até junho deste ano, face a 84 milhões do mesmo período do ano passado, segundo as contas apresentadas esta sexta-feira, 29 de julho, à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM). O banco defende que teria havido um aumento de 17% se se excluíssem efeitos extraordinários: a venda de uma carteira de crédito malparado e os custos com reformas e rescisões que tinham sido registados no primeiro semestre de 2021.
O contributo do BFA angolano somou 9% em termos homólogos, para os 100 milhões de euros, enquanto o BCI viu o contributo disparar 87% para 17 milhões de euros. É na soma das três operações que se chega aos 201 milhões de euros. Este número depois entra nas contas do acionista espanhol CaixaBank, que lucrou 1 573 milhões, uma quebra de 62% para o período homólogo.
Retorno aquém do necessário
Olhando para o retorno dos capitais próprios, que mede a atratividade do investimento no próprio banco, a atividade portuguesa do BPI melhorou de 5,9% para 6,4%, abaixo ainda dos 10% vistos como necessários pelos bancos e que corresponderá ao custo de capital suportado pelos acionistas.
“A banca não consegue ter rentabilidade do custo de capital e advém de vários fatores. Os resultados podem parecer expressivos, mas em termos relativos não são”, defendeu João Pedro Oliveira e Costa na conferência de imprensa, que teve lugar em Lisboa.
"Ponderação" sobre novo imposto
Uma afirmação que faz uma antecipação do presidente executivo quando em Espanha se discute a aplicação de impostos sobre lucros extraordinários, em que os partidos de esquerda perdem algo idêntico em Portugal e quando se prevê um avanço nos próximos trimestres dos resultados dos bancos devido ao aumento da taxa de juro do Banco Central Europeu (BCE).
Em relação ao imposto extraordinário que Espanha quer aplicar ao sector bancário, Oliveira e Costa frisou que não afeta diretamente o BPI, mas também não sabe se o impacto de 450 milhões de euros que o CaixaBank assumiu poder sofrer vai ter algum impacto. Porém, lembra que o banco português tem tido autonomia.
Sobre a aplicação de um imposto aos chamados "lucros caídos do céu" (windfall taxes), foi perentório: "neste momento, não devia ser esse o caminho". "O meu comentário aí é que se isso fosse pensado, pedia um pouco mais de ponderação", continuou.
Mais proveitos, menos custos
Olhando para a atividade bancária, o banco registou crescimento da margem financeira (3%), e das comissões (11%), fazendo com que o produto bancário somasse 5% para 369 milhões de euros. O crédito subiu 8% para 28,7 mil milhões de euros, ajudado por empréstimos a particulares e a empresas, enquanto os recursos, onde se incluem os depósitos de 30 mil milhões, avançaram 4% para 40,3 mil milhões de euros.
A nível de custos, houve um ligeiro deslize para 221,6 milhões de euros, já que houve redução do custo com o pessoal, mas um aumento nos gastos gerais e no investimento em software e na obra no edifício Monumental, em Lisboa.
O banco fechou o semestre com 4 461 trabalhadores (menos 17 que no início do ano), e 339 agências (menos 10). Vai haver um aumento de trabalhadores: “vamos contratar 30 pessoas, tivemos mais de 1000 candidaturas”, o que mostrou ao CEO que há um “caminho a fazer na renovação dos quadros do banco”.
Em relação a outros indicadores, os créditos malparados representaram apenas 2% da carteira. “É muito baixa e os valores vão ser ainda mais baixos”, declarou o presidente executivo.
A nível de capitalização, houve um deslize no rácio mais exigente. A redução do CET1 de 14,2% para 13,6% “deve-se unicamente à atividade do banco”, como deu mais crédito, aumentou o risco dos ativos que são utilizados no cálculo do rácio.