Tem sido já habitual nos últimos trimestres e vai voltar a repetir-se neste segundo trimestre: o banco do BCP na Polónia, o Bank Millennium, vai voltar a apresentar prejuízos. O culpado é o mesmo do costume: os créditos concedidos por aquele banco em francos suíços.
Em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o BCP transmite a informação recebido pela administração do Bank Millennium: “tomou a decisão de constituir, nas contas do 2.º trimestre de 2022, provisões de PLN 467,4 milhões para riscos legais relacionados com empréstimos hipotecários em moeda estrangeira originados pelo Bank Millennium”. Ao câmbio atual, estas provisões são de quase 100 milhões de euros.
“As provisões refletem a continuação das tendências negativas nas decisões judiciais, a entrada de novos processos judiciais e as alterações na metodologia de avaliação de risco do banco”, explica o comunicado. Os clientes com estes contratos têm vindo a obter resultados favoráveis na justiça.
Além desta provisão, que afeta diretamente os resultados, há ainda provisões adicionais de 48 milhões de zlotys que cobrem a carteira originada no Euro Bank, banco polaco que o Millennium Bank adquiriu, mas neste caso sem afetarem os resultados líquidos. Os valores das provisões agora constituídos são idênticos aos registados no primeiro trimestre deste ano, que também motivaram prejuízos do banco.
As provisões constituídas para os riscos legais vão passar a corresponder, assim, a mais de um terço da carteira de crédito em francos suíços do Millennium Bank, já que, no primeiro trimestre, representavam já 30% do total.
A prática de conceder créditos em francos suíços era habitual na Polónia, e noutros países, sendo que o Millennium Bank (e por conseguinte o BCP) já não os comercializava desde 2008. Porém, o rasto de perdas causado por estes empréstimos tem-se intensificado com as decisões judiciais que provam que houve comercialização irregular junto dos clientes, devido a cláusulas consideradas abusivas. Além de perdas nos tribunais, o banco também acorda com clientes a conversão ou reembolso de créditos, o que tem custos.
Neste trimestre, o Millennium Bank acreditava que o resultado operacional iria compensar as provisões e permitir um lucro no segundo trimestre, mas tal não vai acontecer e virão prejuízos (as contas deste banco polaco são divulgadas a 26 de julho). Em causa estão os custos com a adesão a um sistema de proteção juntamente com outras instituições bancárias polacas.
A Polónia tem sido um problema para as contas do BCP. No primeiro trimestre, o lucro do banco liderado por Miguel Maya até duplicou, chegando aos 112,9 milhões de euros mas, se os impactos associados aos francos suíços não se fizessem sentir, teria superado os 170 milhões.
O banco que tem a Fosun e a Sonangol como principais acionistas apresenta as contas do primeiro semestre a 27 de julho.