Economia

Grupo de Mário Ferreira com mais de metade dos primeiros apoios à capitalização das empresas portuguesas

Banco Português de Fomento anunciou apoio a 12 empresas no valor de 76,7 milhões de euros. É a primeira fase de um pacote mais amplo de 400 milhões de euros

Mário Ferreira é o maior acionista da Media Capital, com 37,05% do capital

O Banco Português de Fomento (BPF) tem 400 milhões de euros para apoiar a capitalização das empresas portuguesas no âmbito do Programa de Recapitalização Estratégica (PRE), que é financiado pelo Plano de Recuperação e Resiliência (PRR). E destes 400 milhões, há 76,7 milhões de euros que já têm destino: são 12 empresas que recebem esta primeira fatia, segundo anunciou o BPF.

Da lista constam empresas das áreas do turismo, indústria, alimentar, agrícola e tecnologias mas salta à vista o grupo empresarial de Mário Ferreira, através da sua empresa Pluris Investments. O empresário fica com 40 milhões de euros, ou seja, 52% deste primeiro pacote, para apoiar o seu grupo empresarial, que além da área do turismo, e dos cruzeiros em particular, inclui também negócios como a recente participação na Media Capital, proprietária da TVI.

As outras 11 empresas apoiadas pelo BPF são o MD Group, Viagens Abreu, Coindu, Lunainvest SGPS, ERT - Têxtil Portugal, Hubel Agrícola SGPS, Orbitur, Têxtil António Falcão, Travel Store, Engine e Qualhouse.

Em declarações ao Público, Mário Ferreira explicou que os 40 milhões de euros se destinarão a apoiar um aumento de capital da empresa de navios turísticos Mystic Cruises, no valor de 80 milhões de euros. O BPF não tomará capital no grupo sendo que os 40 milhões chegarão por via de obrigações convertíveis.

"Ninguém está a dar nada a ninguém, vão ganhar muito dinheiro com este empréstimo. Para além disso tive de prestar garantias reais de 30% sobre o montante envolvido”, diz o empresário.

Este Programa de Recapitalização Estratégica tem como objetivo apoiar a capitalização de empresas que foram prejudicadas pela pandemia de Covid-19 e que sejam consideradas viáveis e de interesse nacional.

Segundo o BPF, as operações de investimento deste programa destinam-se a "reforçar a solvência das empresas estratégicas que desenvolvam atividade em território nacional e que tenham sido afetadas pelo impacto da doença Covid-19", assim como "contribuir para a solução do problema de subcapitalização do tecido empresarial português, promovendo o aumento da autonomia financeira de empresas estratégicas".

Além disso, servem para "colmatar a falha de mercado no que diz respeito a acesso a instrumentos financeiros e de capital por parte de empresas estratégicas", "fomentar o investimento de empresas estratégicas para o relançamento da economia", "apoiar a consolidação empresarial em setores estratégicos, atendendo a que o mercado se encontra fortemente fragmentado" e "promover a resiliência financeira do tecido económico português, conferindo-lhe as ferramentas para corresponder aos desafios das prioridades europeias e nacionais da dupla transição climática e digital".