A forte redução da liquidez no ecossistema das criptomoedas está a provocar vítimas na ausência de um credor de último recurso, mas parece haver esperança para os investidores nos próximos meses.
A mais recente queda foi o fundo 'cripto' Three Arrows Capital, responsável pela gestão do equivalente a mais de 3 mil milhões de dólares (2,9 mil milhões de euros) em criptoativos em abril.
Depois do colapso da TerraUSD em maio, no qual perdeu 200 milhões de dólares (191 milhões de euros), e depois de 400 milhões de dólares (380 milhões de euros) em liquidações que drenaram o fundo de capital nas últimas semanas, a Three Arrows anunciou que estava à procura de investidores que quisessem entrar no capital ou "resgatar" o fundo.
Na quarta-feira, o "The Wall Street Journal" noticiou que um tribunal das ilhas Virgens Britânicas ordenou a liquidação do fundo, incapaz de pagar as suas dívidas aos investidores que entretanto puseram o hedge fund cripto em tribunal.
Quase 2 biliões de euros evaporados em poucos meses
Desde o pico de novembro de 2021 evaporaram-se mais de 2 biliões de dólares (1,9 biliões de euros) do mercado cripto. Naquela altura, o mercado chegou a valer 3 biliões de dólares (2,9 biliões de euros), valendo hoje 854 mil milhões de dólares (811 mil milhões de euros), de acordo com o CoinMarketCap. Mas parece haver alguma luz ao fundo do túnel.
A JP Morgan considerou, numa nota de research citada pela "Bloomberg", que o processo de desalavancagem do ecossistema de ativos digitais com base na blockchain tem fim à vista, citando diretamente o caso da Three Arrows como "uma manifestação" desse fenómeno.
“O atual ciclo de desalavancagem pode não ser muito prolongado já que entidades 'cripto' com balanços mais robustos estão a entrar em jogo para ajudar a conter o contágio", segundo os analistas. É o caso da plataforma de trading cripto FTX que chegou a conceder empréstimos a empresas do setor.
O ecossistema está a ser sustentado pelo capital de risco, cujo investimento nos ativos digitais "continuou a um ritmo saudável em maio em junho", refere a JP Morgan, realçando que esta é "uma fonte importante de capital" para este setor. Pelo que a análise da casa de investimento “sugere que a desalavancagem está já bem avançada".
Deutsche Bank antecipa bitcoin nos 28 mil dólares até ao fim do ano
O Deutsche Bank, entretanto, noutra nota de research citada pela "Bloomberg", prevê que a Bitcoin alcance os 28 mil dólares (27 mil euros) até ao final do ano, numa altura em que cota perto dos 20 mil dólares (19 mil euros). Esta quinta-feira, 30 de junho, chegou inclusive a cair abaixo da marca dos 19 mil dólares num dia de quedas expressivas nas bolsas europeias.
A razão para este otimismo está na tendência, detetada pelos analistas do Deutsche Bank, das criptomoedas acompanharem os movimentos de índices como o tecnológico Nasdaq e o S&P 500, contrariando totalmente a ideia da Bitcoin como ativo de refúgio semelhante ao ouro promovida pelo ecossistema.
A Bitcoin deverá revalorizar a par destas duas referências bolsistas norte-americanas, já que o banco alemão prevê para ambas que recuperem a níveis de janeiro até ao final do ano.