Economia

Bancos ainda são a principal fonte de financiamento das PME, mas têm vindo a perder relevância

Os bancos são a principal fonte de financiamento das PME portuguesas, mas a sua importância relativa diminuiu cerca de 20 pontos percentuais entre 2007 e 2018, segundo as conclusões de um novo estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos

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Os bancos são a principal fonte de financiamento das pequenas e médias empresas (PME) portuguesas, mas a sua importância relativa diminuiu cerca de 20 pontos percentuais entre 2007 e 2018, segundo as conclusões do estudo da Fundação Francisco Manuel dos Santos "O financiamento das PME portuguesas: a crise e a recuperação entre 2008 e 2018".

No estudo, as autoras - Clara Raposo, Cláudia Custódio e Diana Bonfim - analisaram o financiamento das PME durante a crise financeira global (2008- 2009), a crise da dívida soberana da área do euro (2010-2013) e, finalmente, o período de recuperação (2014-2018) que se seguiu, centrando-se na iniciativa PME Líder/PME Excelência, implementada pelo IAPMEI e Turismo de Portugal.

Uma das suas principais conclusões foi que as PME têm maiores restrições ao financiamento que as grandes empresas e que o financiamento bancário constitui a principal forma de financiamento das PME em Portugal, "mas a sua importância relativa diminuiu – de 67,6% do total de financiamentos obtidos em 2007 para 48,1% em 2018", ou seja, uma queda de 19,5 pontos percentuais.

No geral, em períodos de crise, "os bancos podem ter dificuldades em cumprir este papel" de principal financiador das PME.

Custos de financiamento baixam

O estudo conclui também que "os custos de financiamento (rácio entre os gastos de financiamento e os financiamentos obtidos) das PME diminuíram de forma expressiva na última década". Em 2012% era 5% e em 2018 o valor foi de 3%. Mas as autoras explicam que "estes custos aumentam em períodos de crise – refletindo as dificuldades de financiamento dos bancos – e diminuem em períodos de recuperação económica".

Outra das conclusões do estudo prende-se com o endividamento das PME. As PME "diminuíram o seu endividamento ao longo da última década". Em 2007, os empréstimos obtidos junto de bancos, e não só, financiavam 35,6% dos ativos destas empresas. "Em 2012, esta rubrica atingiu o valor mais elevado no período em análise (41,5%), tendo diminuído desde então (33,9% em 2018)".

As autoras indicam ainda que "o apoio a PME com bons indicadores financeiros é importante durante períodos de crise, pois permite estimular o investimento e contribuir para evitar a destruição de emprego" e que "em períodos de recuperação quando a oferta de crédito é abundante, o benefício das políticas públicas de apoio ao financiamento de PME é menos expressivo".

Quanto à iniciativa concreta em análise, PME Líder, o estudo mostra que este programa "permitiu às empresas elegíveis aumentar o acesso a financiamento bancário e diminuir os custos de financiamento, tendo as empresas participantes crescido e atingindo melhores indicadores de desempenho". Assim, as autoras concluem que "apoiar um conjunto de PME promissoras tem efeitos positivos, sobretudo durante crises".