Os lucros da Sonae no primeiro trimestre do ano dispararam para 42 milhões de euros, contra um milhão em período homólogo. É “uma melhoria significativa”, diz a empresa em comunicado divulgado esta quarta-feira.
As vendas atingiram um valor recorde de 1,7 mil milhões de euros, 5% acima dos primeiros três meses de 2021.
“O início de 2022 foi muito bom para a Sonae. Os nossos negócios continuaram a apresentar um desempenho de sucesso nos seus respetivos mercados e o Grupo manteve uma sólida trajetória de crescimento, com melhores níveis de rentabilidade, tendo resultado numa maior valorização do portefólio”. É assim que a presidente executiva da Sonae, Cláudia de Azevedo, comenta um trimestre em que o EBITDA subjacente aumentou 10%, para 121 milhões de euros, o EBITDA total cresceu 17%, para 149 milhões, “apesar do aumento dos custos de energia de cerca de 20%”, e a dívida líquida ficou nos 931 milhões de euros (menos 600 milhões que um ano antes).
“O nosso portefólio de investimentos valorizou, tendo o NAV (valor líquido do portefólio) atingido 4,1 mil milhões de euros, 65 milhões acima do valor registado no final de 2021”, destaca ainda a gestora, sublinhando que estes resultados “foram conseguidos num contexto muito desafiante, marcado pela invasão russa à Ucrânia”, que “tem vindo a afetar a confiança do consumidor”.
O efeito Ucrânia
“Apesar da Sonae não estar direta e materialmente exposta a estes países, os nossos negócios sentiram já os efeitos indiretos do conflito, nomeadamente através do aumento dos preços da energia, da inflação generalizada e dos constrangimentos nas cadeias de abastecimento, tendo conseguido ultrapassar estes desafio”, diz sobre o impacto da guerra.
Quanto ao futuro, o trabalho continua e, “independentemente da evolução da economia global e dos mercados financeiros, com o nosso grupo de negócios, a nossa sólida situação financeira e a competência das nossas equipas, estamos bem posicionados para atravessar este ciclo de incerteza, continuar a reforçar as nossas posições competitivas e aproveitar oportunidades que se nos apresentem”, assegura.
Investimento soma 516 milhões em 12 meses
Num trimestre em que as aquisições somaram 110 milhões de euros e a posição na Sierra foi reforçada para 90%, o grupo fecha um ciclo de 12 meses com investimentos de 516 milhões e um crescimento de 18,7% no capex (despesa de capital) operacional decorrente do investimento orgânico dos negócios, indica o comunicado divulgado um dia depois da Sonae anunciar a venda da Maxive (cibersegurança) à ThalesEurope.
“Relativamente à atividade de gestão do portefólio, a Sonae investiu 220M€ e encaixou 693M€ com a venda de ativos, sobretudo com a venda da participação minoritária da MC e da participação de 50% na Maxmat”, precisa o comunicado em que a Sonae destaca a sua estrutura de capital “robusta, com rácios de alavancagem e níveis de liquidez muito confortáveis”.
No final do primeiro trimestre, o grupo detinha 1,150 mil milhões de euros de liquidez disponível (caixa e linhas de crédito disponíveis), mantendo “um baixo custo de financiamento (menos de 1,0%)” e “melhorando o perfil de maturidade da dívida para quase 5 anos”, com 65% de linhas de financiamento de longo prazo associadas ao desempenho sustentável, verde ou ESG”.
MC reforça quota
Por negócios, a Sonae MC cresceu 3,8% (2,2% numa base comparável) e continuou a ganhar quota de mercado, com vendas próximas de 1,3 mil milhões de euros, puxada pelos formatos não alimentares, que recuperaram das restrições de confinamento do ano passado e capturaram a melhoria do consumo não doméstico, e pela inflação dos produtos alimentares que atingiu 5% no primeiro trimestre.
As vendas online duplicaram face aos níveis pré-pandemia, atingindo 3,2% do volume de negócios.
“Em relação à rentabilidade, o desempenho positivo das vendas da MC contribuiu para uma melhoria de 1,5% do EBITDA subjacente, com uma margem estável de 8,4%, apesar de penalizada pela pressão adicional nos preços de inputs específicos, como a energia”, indica a Sonae.
Na Worten o volume de negócios caiu 4,1%, para 261 milhões que contrasta com o salto de 29,3% reportado no primeiro trimestre do ano passado e reflete a contração do mercado de eletrónica depois de dois anos consecutivos de crescimento significativo devido ao contexto pandémico, mas também um inverno menos rigoroso que limitou a procura de categorias sazonais e a reorganização da oferta em Espanha.
Sierra triplica lucro
A Sierra triplicou o lucro para 10 milhões de euros, com uma valorização de 5,1% dos ativos, agora nos 972 milhões “após dois anos desafiantes”, marcados pelos encerramentos de centros comerciais impostos pela pandemia.
O portefólio europeu da Sierra registou uma maior taxa de ocupação (96,9%, +0,6 p.p. em termos homólogos) e as vendas dos lojistas para a mesma base de lojas aumentaram mais de 90% em termos homólogos até ao final.
No final do trimestre, o NAV da Sierra, de acordo com a metodologia INREV, aumentou 5,1% face ao final de 2021 para 972 milhões de euros, puxado pela apreciação do Real Brasileiro e do Peso Colombiano, bem como pela melhoria do resultado líquido no período.
Zeitreel cresce 57%
Na moda, a Zeitreel cresceu 57% e fechou o trimestre com um volume de negócios consolidado de 96 milhões de euros.
Nos serviços financeiros, a evolução da atividade operacional e dos resultados "foi positiva nos últimos 12 meses e deverá continuar nos próximos trimestres". O volume de produção do Universo aumentou 23%, para 257 milhões de euros e o número de clientes atingiu os 989 mil, somando 96 mil novos clientes face a período homologo. O volume de negócios atingiu os 8 milhões de euros.
A Bright Pixel, que continua ativa na sua atividade de gestão de portefólio, fechou o primeiro trimestre com o capital investido no portfólio ativo nos 159 milhões de euros e o NAV nos 378 milhões.
Nas telecomunicações, o volume de negócios da NOS aumentou 10,6%, para 373 milhões de euros, impulsionado por todos os segmentos: media e entretenimento (+71,1%) e telecomunicações (+9%).
A ISRG cresceu 66%, para fechar com vendas de 366 milhões de euros puxadas, também, pelo canal online, que viu o seu contributo passar de 15,7% para 21,1%, sobretudo devido à aquisição da Deporvillage.