Economia

Centeno sobre demora na venda do Eurobic: “Não associamos nenhum risco especial”

A venda do Eurobic, para que se concretize a saída de Isabel dos Santos, já demora há dois anos, mas o Banco de Portugal não vê ali grande preocupação

Apresentação de resultados do Banco de Portugal pelo governador Mário Centeno. Foto Ana Baião
Ana Baiao

O governador do Banco de Portugal, Mário Centeno, não vê nenhum “risco especial” no Eurobic, banco que tem Isabel dos Santos como a sua principal acionista e que está a ser vendido há mais de dois anos.

Questionado sobre esta demora, na conferência de imprensa de apresentação de contas anuais desta terça-feira, 17 de maio, que decorreu no Carregado, o governador garantiu que o supervisor tem vindo a acompanhar a instituição e a conclusão é uma: “Não associamos ao Eurobic nenhum risco especial. Antes pelo contrário”.

“A questão da alteração da estrutura acionista está colocada, e esperamos que venha a ter sucesso, porque também significará um fator acrescido de sucesso para a instituição”, concluiu Mário Centeno na resposta sobre o assunto. O Eurobic, sob o comando de José Azevedo Pereira, ainda não divulgou as contas relativas a 2021 - até setembro, acumulava um lucro de 9 milhões de euros.

O mesmo comprador dois anos depois

O Eurobic é detido em 42,5% por Isabel dos Santos, uma participação que está inibida do exercício dos seus direitos de voto (no ano passado, havia cinco processos deste género na banca portuguesa). A participação foi colocada à venda pouco depois da eclosão do escândalo Luanda Leaks, que apontava para transferências suspeitas na Sonangol na presidência da investidora angolana, em janeiro de 2020.

Em 2020, havia um acordo para a venda das posições acionistas ao grupo espanhol Abanca, mas o dossiê caiu, devido ao preço. Houve depois novo processo para alienação, mas o interessado final continuou a ser o mesmo: o Abanca. O jornal Eco avançou que já acordo entre os acionistas angolanos (entre os restantes destaca-se Fernando Teles, com 37,5%) para a alienação ao grupo galego, que tem vindo a fazer aquisições na Península Ibérica – incluindo as unidades do Novo Banco e da CGD em Espanha.

O Jornal Económico noticiou, na semana passada, que o comprador tinha proposto pagar 210 milhões pela instituição financeira que tem outros acionistas angolanos, como Fernando Teles.

Porém, no caso da parcela dirigida a Isabel dos Santos, a justiça angolana pretende ficar com as verbas congeladas por conta dos processos judiciais que correm no país. E as autoridades angolanas estão ainda a analisar.