A Comissão Europeia (CE) reviu em alta as previsões de crescimento para Portugal este ano e no próximo, de acordo com as Previsões de Primavera divulgadas esta segunda-feira. Apesar da guerra na Ucrânia e da escalada da inflação, os técnicos europeus estimam que Portugal cresça 5,8% em 2022, quando em fevereiro apontavam para 5,5%.
É um número bem acima da previsão de 4,9% que o Governo inscreveu no Orçamento do Estado para 2022.
Além disso, a projeção da CE é a mais elevada entre as principais instituições nacionais e internacionais que acompanham a economia portuguesa. Tendo em conta os valores já revistos desde o inicio da guerra na Ucrânia, a 24 de fevereiro, as previsões de crescimento para a economia portuguesa este ano oscilam entre os 4% antecipados pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), no World Economic Outlook, em abril, e os 5,8% agora avançados por Bruxelas.
A explicação para o expressivo crescimento este ano, avançado pela CE, está na forte recuperação do turismo.
Bruxelas recorda o "forte início do ano" - o Produto Interno Bruto cresceu 2,6% no primeiro trimestre face aos três meses anteriores, o valor mais expressivo entre os países da União Europeia para os quais já há dados disponíveis, com o levantamento de quase todas as restrições associadas à pandemia de covid-19. E aponta que "é projetado que o PIB cresça 5,8% em 2022". Isto porque "o sector dos serviços, em particular o turismo, está lançado para uma forte recuperação a partir de uma base baixa", destaca a CE.
Já para 2023 a Comissão prevê um crescimento de 2,7%. Este número traduz uma ligeira revisão em alta da projeção da CE, que em fevereiro apontava para 2,6%.
A projeção mais otimista para Portugal contrasta com a revisão em baixa do cenário de crescimento no conjunto da zona euro, que deverá ficar pelos 2,7% este ano, em consequência da guerra na Ucrânia.
Ainda assim, a CE alerta que os riscos para o crescimento são "em baixa", como resultado do conflito no Leste da Europa. Contudo, "à luz da baixa exposição direta de Portugal à região afetada, estes riscos são sobretudo indiretos, resultando dos preços das commodities, segurança dos abastecimentos e incerteza na procura global".
Bruxelas alinha com Governo no défice
Já nos números do défice, Bruxelas e Fernando Medina estão alinhados: ambos apontam para um défice de 1,9% este ano.
Quanto à inflação, a CE é mais pessimista do que o Governo, considerando que deverá chegar a 4,4% este ano (média anual), medida pelo Índice Harmonizado de Preços no Consumidor (HIPC), a referência na Europa. Um valor que compara com os 4% do Governo usando como referência o HIPC, e 3,7% se o indicador usado para medir a inflação for o Índice de Preços no Consumidor (IPC).
Ainda assim, a projeção da CE para a inflação em Portugal fica bem abaixo da média da zona euro, que deverá chegar aos 6,1% este ano, segundo Bruxelas.