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Economia

Dez anos da Three Gorges na EDP: um negócio da China… para quem?

A EDP não lucra mais hoje do que quando a CTG entrou, mas é maior. O que mudou?

A CTG é dona da maior barragem do mundo, situada na China, e detém 20% do capital da EDP
Zheng Jiayu/VCG via Getty Images

11 de maio de 2012. Sob assistência da troika, o Governo de Passos Coelho celebra a venda de 21,35% da EDP à China Three Gorges (CTG), formalizando a entrada da empresa estatal chinesa na elétrica portuguesa. Ainda hoje, 10 anos volvidos, vão surgindo acusações de que Portugal entregou a Pequim o controlo de um ativo estratégico nacional. Interferência política chinesa? “É tudo uma fantasia”, dispara Eduardo Catroga, que entre 2012 e 2017 liderou o Conselho Geral e de Supervisão da EDP. “Todas as decisões de estratégia que vão ao Conselho Geral são tomadas com base em critérios de racionalidade económica”, observa Catroga, lembrando que “20% do capital não mandam na empresa”.

Ao longo dos últimos 10 anos, a CTG manteve o seu estatuto de maior acionista da EDP. Em 2018 chegou a lançar uma oferta pública de aquisição (OPA), que não foi bem sucedida. E tem hoje 20,2% do capital. A Three Gorges entrou na EDP quando esta valia menos de €9 mil milhões em Bolsa. Atual­mente vale mais de €17 mil milhões. Numa década, a EDP também alargou a sua presença geográfica de 13 para 28 países. Cortou a sua dívida de €16,9 mil milhões para €11,5 mil milhões. Mas, 10 anos depois, o grupo não ganha mais dinheiro do que quando a CTG entrou no capital.