Economia

Economia portuguesa supera as melhores expectativas e cresce 11,9% no primeiro trimestre

O Produto Interno Bruto avançou 11,9% em termos reais nos primeiros três meses deste ano em relação ao mesmo período do ano passado, indica a estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística

D.R.

A economia portuguesa resistiu ao primeiro impacto da guerra na Ucrânia e cresceu 11,9% no primeiro trimestre deste ano, surpreendendo pela positiva, indicam os dados da estimativa rápida do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta sexta-feira.

As projeções dos economistas ouvidos pelo Expresso há duas semanas apontavam, em média, para uma expansão de 9,3%, em termos homólogos, no primeiro trimestre deste ano. O número agora avançado pelo INE foi mesmo superior à mais otimista dessas projeções, que pertencia ao ISEG, e apontava para um crescimento de 9,8% em termos homólogos.

É preciso, contudo, ter em atenção que este número conta com o impulso de um forte efeito de base, já que no primeiro trimestre do ano passado o país esteve em confinamento, por causa da pandemia de covid-19, o que penalizou em força a atividade económica. Recorde-se que nessa altura o Produto Interno Bruto (PIB) português recuou 5,4% em termos homólogos, isto é, face ao mesmo período do ano anterior, e encolheu 2,9% em cadeia, ou seja, em relação aos três meses anteriores

Contudo, nos primeiros três meses deste ano, a economia portuguesa regista também um crescimento expressivo em cadeia, ou seja, face aos últimos três meses de 2021, com o PIB a avançar 2,6%.

O que explica este crescimento? O INE não dá, para já, detalhes, mas já deixa pistas importantes. E o destaque vai para o consumo privado e a recuperação do turismo.

"O contributo da procura interna para a variação homóloga do PIB aumentou no primeiro trimestre, destacando-se o crescimento mais acentuado do consumo privado", escreve a autoridade estatística nacional numa nota publicada na sua página da internet.

Ao mesmo tempo, "o contributo positivo da procura externa líquida para a variação homóloga do PIB também aumentou, verificando-se um abrandamento em volume das Importações de Bens e Serviços e uma ligeira aceleração das Exportações de Bens e Serviços, refletindo a recuperação da atividade turística".

A forte subida dos preços, em particular dos bens energéticos, foi um dos fatores que marcou este primeiro trimestre de 2022. E o INE destaca que, neste período, "a perda nos termos de troca foi mais intensa que nos três trimestres precedentes, em resultado do crescimento pronunciado do deflator das importações".

Quanto à evolução em cadeia do PIB, o INE salienta que se verificou um contributo mais positivo da procura interna, "em parte motivada pela aceleração do consumo privado, enquanto o contributo da procura externa líquida se manteve ligeiramente positivo".