A política de rendimentos "é uma prioridade para o Governo", que em sede de concertação social está a avançar o objetivo de "valorização do trabalho mínimo e de valorização dos salários de modo geral", enfatizou Miguel Fontes, o novo secretário de Estado do Trabalho, na conferência sobre mercado de trabalho no turismo que decorre esta quarta-feira no Porto promovida pela Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP).
Considerando que a atual escassez de mão-de-obra no turismo é "uma questão crítica", Miguel Fontes sublinhou que criar condições a nível de "redistribuição de riqueza e de melhores remunerações não pode ficar para segundo plano" aos olhos das empresas empregadoras, e que deve ser incorporada "desde o primeiro dia" de contratação.
"Em Portugal somos confrontados com salários historicamente baixos. Esse modelo esgotou", realçou o secretário de Estado do Trabalho, lembrando que "temos hoje aqui um gap com a União Europeia que não nos é favorável, também a nível de competitividade", e aumentar o nível de remunerações no país deve ser um esforço coletivo, "temos de o fazer de forma geral".
"Temos hoje um bom problema: o baixo nível de desemprego, que em fevereiro se situou em 5,8%. Mas isso não nos deve distrair do que é essencial: valorizar as pessoas, e tornar as profissões do turismo mais reconhecidas, o que não passa só pela valorização salarial mas por terem melhores perspetivas de carreira", frisou Miguel Fontes.
Estimular a contratação no turismo através de acordos com países terceiros, facilitando a sua entrada "em Portugal como um país de imigração, e que sabe acolher essas pessoas", também foi um aspeto destacado pelo secretário de Estado do Trabalho na conferência da AHRESP. Miguel Fontes salientou que, além dos acordos já ratificados com países de língua portuguesa, o Governo está também a trabalhar com India e Marrocos no objetivo de atrair mão-de-obra ao país, e não só para o turismo.
"Precisamos hoje de diferentes perfis de profissionais. Podemos estar a falar de ir buscar engenheiros à India a empresas tecnológicas", exemplificou o secretário de Estado do Trabalho.