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Economia

A taxa de inflação está no nível mais alto da última década

Valor subiu para 4,2% ainda sem efeito da guerra na Ucrânia. É o maior desde 2011 e pode ser o mais alto do século XXI em breve

Javier Ghersi

O Instituto Nacional de Estatística (INE) confirmou ontem que, em fevereiro, a taxa de inflação portuguesa subiu para 4,2%. O valor já era conhecido da primeira estimativa, avançada no final de fevereiro, mas foi ontem confirmado. É já o valor mais alto desde outubro 2011, mas, se continuar a subir e passar a barreira de 5%, pode facilmente tornar-se o nível mais alto das últimas duas décadas. A guerra na Ucrânia veio acelerar a subida dos preços que já vinha de trás e os seus efeitos ainda não se materializaram. A invasão russa começou no dia 24 de fevereiro e, embora várias cotações internacionais estivessem já a subir nessa altura, o maior disparo aconteceu depois disso. Petróleo, gás, matérias-primas e vários produtos têm batido recordes — ou perto disso — nas últimas semanas.

O Banco Central Europeu admitiu ontem, dia de reunião de política monetária, que a inflação na zona euro deverá atingir 5,1% este ano. Bem acima da meta de 2% que o banco central tem definida nos seus estatutos e que pode ser ultrapassada até, pelo menos, 2023. O BCE mantém, no entanto, a intenção de começar a retirar os estímulos monetários este ano apesar da guerra na Ucrânia (ver caixa). A inflação na zona euro é, apesar de tudo, inferior à inflação nos EUA, que, em fevereiro, subiu para 7,9%, o nível mais alto em 40 anos. Maior pressão sobre a Reserva Federal pode acelerar ainda mais o aperto das taxas de juro do dólar.