Economia

Riqueza criada no comércio e turismo em 2021 ficou ainda 12,5% abaixo do valor pré-pandemia

Há sectores de atividade em Portugal onde o valor criado já ficou no ano passado acima do registado em 2019, mas outros ainda estão abaixo. Comércio e turismo são destaques pela negativa

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Luís Forra/Lusa

Assimetria. Essa foi umas principais características do impacto da crise pandémica e mantém-se também na recuperação. A economia portuguesa é um bom exemplo. Depois do tombo de 8,4% em 2020, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,9% em 2021. Mas a análise do Valor Acrescentado Bruto (VAB), indicador que traduz a riqueza criada, mostra um comportamento diferente entre os vários sectores de atividade. O crescimento face a 2020 é transversal, mas, se a comparação for feita com 2019, ou seja, com o registado antes da crise pandémica, há sectores que ainda registam perdas. O destaque, pela negativa, passa pelo comércio e turismo, onde o VAB de 2021 ficou 12,5% abaixo de 2019.

Os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), publicados esta segunda-feira, indicam que o VAB no conjunto da economia portuguesa cresceu 4,4% em 2021 face a 2020, ficando, contudo, 3,1% aquém do valor de 2019.


Valor criado no comércio e no turismo ainda longe de 2019



Olhando para os dados desagregados por ramos de atividade, todos aumentam a riqueza criada face a 2020. Mas, na comparação com 2019, convivem várias realidades. A construção, um sector que tem passado imune à crise em Portugal, destaca-se pela positiva. O VAB do sector no ano passado ultrapassou em 6,6% o valor de 2019. Também na agricultura, silvicultura e pesca (mais 0,5%), e nas atividades financeiras, de seguros e imobiliárias (mais 0,2%), a riqueza criada em 2021 ultrapassou a de 2019.

Mas, os restantes ramos de atividade ficaram no vermelho comparando 2021 com 2019. O destaque negativo vai, sem surpresas, para o alojamento e restauração a par do comércio. Com o turismo a ser um dos sectores mais penalizados pela pandemia, o VAB do comércio e reparação de veículos; alojamento e restauração (os dados disponíveis do INE agrupam estas atividade, não possibilitando uma análise mais desagregada) ficou no ano passado 12,5% abaixo do registado em 2019.

Segue-se a energia, água e saneamento (-4,4%), a indústria (-3,5%), os transportes e armazenagem; atividades de informação e comunicação (-1,8%), e outras atividades de serviços (-0,5%). Números que mostram que para muitos sectores de atividade a recuperação da crise pandémica ainda não está terminada.