O mercado imobiliário arrancou o ano em termos nacionais com uma valorização dos preços da ordem dos 13,8% em janeiro, em comparação com igual mês do ano passado. Uma forte aceleração face ao crescimento de 5% observado em 2020. Face a dezembro, a variação foi de 1,9%, revela um estudo da base de dados Confidencial Imobiliário. Uma dinâmica alimentada pela subida dos preços das casas em geografias consideradas mais baratas e fora dos centros das cidades de Lisboa e Porto. O aumento da procura e a insuficiente oferta de habitação determinam a aceleração observada desde meados do ano passado.
O preço médio de venda da habitação atinge, assim, em janeiro os €2000/m2, considerando o acumulado de três meses, de acordo com os dados do SIR-Sistema de Informação Residencial. Na habitação nova, os preços médios situam-se posicionaram-se numa média de €3088/m2 e na usada em €1871/m2.
“A partir da segunda metade de 2021, o mercado de compra e venda começou a acelerar depois de uma fase de estagnação provocada pela pandemia”, afirma Ricardo Guimarães, diretor da Confidencial Imobiliário.
Janeiro registou uma das subida mensais mais expressivas desde o início da pandemia, nota Ricardo Guimarães, numa tendência de intensificação das variações em cadeia pelo quinto mês consecutivo. O ciclo pós-pandemia foi marcado por variações mensais pouco significativas, quase sempre inferiores a 1%. A partir da segunda metade do ano passado tendência começou a acelerar, o que levou a que a variação homóloga ganhasse um forte impulso nos últimos meses e que grande parte da valorização do ciclo pós-covid ocorresse nestes últimos meses. “A valorização que se tem registado nos últimos meses tem um ponto de partida mais baixo”, explica.
Para a valorização do mercado concorre a deslocação da procura das famílias que não conseguem acompanhar os preços nos centros das principais cidades do país para zonas mais baratas. “O que por sua vez aumenta os preços nessas novas geografias”, explica.
A valorização do mercado está a ser impulsionada pelos mercados mais baratos, sobretudos nas grandes áreas metropolitanas. “Palmela, Mafra e Sintra, são três dos concelhos da AML com valorizações dos preços mais altas desde o início da pandemia, aumentos que chegam a ser superiores a 20%”, acrescenta. Para Ricardo Guimarães, a subida dos preços da habitação resulta da permanência da tensão entre a falta de oferta e o aumento da procura. Já para a região norte, o responsável da Confidencial Imobiliário, destaca Aveiro, Braga e Vila de Conde, com variações acumuladas acima de 20% desde o começo da pandemia (2020-21). “O mercado está a derivar para cidades mais secundárias. Este aumento da procura cria uma oportunidade para uma segunda onda de reabilitação urbana, não nos centros históricos, mas de requalificação do espaço urbano”, acrescenta.
O aumento de preços está associado à intensificação do ritmo das vendas. no acumulado de novembro a janeiro, a os dados da Confidencial Imobiliário apontam para a realização de 58.700 transações de habitação no país. Valor que ultrapassa em 9% as vendas realizadas nos três meses anteriores. A evolução é mais expressiva no segmento de habitação nova no período em análise, com um aumento de 18% face aos três meses anteriores. No entanto, este segmento representa apenas 10% do mercado total, registando 5850 transações. Já os imóveis usados registaram um aumento de vendas da ordem dos 8% para cerca de 53 mil casas.