Economia

CaixaBank BPI elege oito empresas favoritas na Península Ibérica (e só uma é portuguesa)

Ações da Navigator são as únicas favoritas portuguesas. Mas há mais seis cotadas nacionais nas quais os analistas do BPI recomendam que se invista

Direitos: The Navigator Company

Entre as ações preferidas do Caixabank BPI dentro da Península Ibérica para 2022, contam-se apenas as da portuguesa Navigator, embora outras duas – EDP e Sonae – estejam perto de entrar para este grupo. O resto das preferências recaem sobre empresas espanholas. 

As ações da Navigator são para “comprar” e o preço alvo para 2022 é de 4,50 euros, acima dos anteriores 4,40 euros, lê-se no Iberian Book para 2022, onde é divulgada a lista das ações favoritas do CaixaBank BPI dentro da Península Ibérica. Em 2021, o desempenho das cotadas inseridas nesta lista superou a valorização dos índices ibéricos, tendo registado uma subida de 28,4%. No caso da Navigator, o potencial de subida é de 34%, igualado entre as preferidas apenas pela Sacyr, e superado pelos 57% da Cellnex.

Há essencialmente três comentários a fazer em relação a esta cotada. Os preços do papel de impressão e escrita não revestido (designado comummente pela sigla UWF) estão sob uma “tendência de subida rápida”, que deverá manter-se dadas as “condições apertadas” que se preveem na indústria. Estes preços permitem que, apesar de a empresa sofrer com alguns custos inflacionados, nomeadamente no que toca à energia, consiga entregar o segundo maior EBITDA da sua história em 2022. Por fim, o historial de dividendos “atrativos” mantém-se “intacto”, com mais 150 milhões de euros em dividendo distribuídos em 2021, algo que os analistas contam que continue. 

A Merlin Properties, que também negoceia na praça portuguesa além da espanhola  – embora não faça parte do PSI-20 – é outra das favoritas. Tem agora um preço alvo de 11,60 euros em vez de 11, 20 euros, e é para “comprar”. Neste caso, os analistas apontam para que os ganhos por ação aumentem uma vez que não estarão ainda a ser incorporados no preço a totalidade dos benefícios da inflação para a empresa.  Mais dividendos e investimentos, nomeadamente nas áreas da logística e dos centros de dados serão possíveis, tendo em conta as rotações de ativos. eventuais mudanças ao nível da administração põem ainda a pairar a possibilidade de fusões e aquisições, que tende a valorizar as ações. 

Restantes “favoritas” são espanholas

De resto, olha-se diretamente para Espanha. BBVA, Inditex, Cellnex, Amadeus, Sacyr e Iberdrola são as escolhas destes analistas. 

A melhoria dos ganhos no BBVA, que decorrem de cortes nos custos, permitem flexibilidade para explorar fusões e aquisições e avançar com dividendos adicionais ou mais recompras de ações, realçam os analistas. O banco mantém o preço alvo nos 7,15 euros e a recomendação de compra.

A Sacyr, do setor das infraestruturas, tem um portefólio de concessões “jovem, diverso e de baixo risco”, estando a negociar abaixo do seu valor, acredita o CaixaBank BPI. Espera-se uma “forte” desalavancagem dados os contributos das concessões. O preço alvo é agora de 3,05 euros, 5 cêntimos acima do anterior. A recomendação de compra mantém-se inalterada. 

No mundo do retalho, a Inditex, que é dona de lojas como a Zara ou a Massimo Dutti, mostra força nas vendas acima da dos pares. No que toca a mudanças na gestão, estas não assustam os analistas, que dizem que o fundador mantém “um papel ativo nas operações diárias”. Sem mudanças, o preço alvo é de 34,90 euros e a recomendação é de compra. 

Dentro das telecomunicações, destaca-se a Cellnex, cujas aquisições recentes levam a melhorias no perfil financeiro. Oportunidades nas fusões e aquisições continuam debaixo de olho, nomeadamente para a consolidação da atividade em Espanha mas também para entrar em mercados europeus. Mais de 65% das receitas estão ligadas à inflação, pelo que a empresa está protegida do impacto negativo destas pressões. Os 66,30 euros continuam a ser o preço alvo e a recomendação de compra também não mudou. 

Já as utililities são representadas pela Iberdrola. “dada a sua dimensão e a pegada demográfica diversificada, a Iberdrola está pronta para ser uma das maiores beneficiárias da transição energética”, contam os analistas, que veem inclusivamente a possibilidade de uma oferta pública inicial da unidade offshre. Também se assinala um ambiente favorável no que toca aos preços. Como incerteza há o final do mandato do CEO em 2023. O salto no preço alvo é dos 11,20 euros para os 11,50 euros.

E o turismo não fica de fora. A Amadeus destacou-se das pares na resiliência durante a pandemia, nomeadamente graças à diversificação geográfica.  O preço alvo mantém-se nos 75,50 e a recomendação de compra também não mexe.

Outras seis empresas do PSI-20 têm recomendação de compra

Altri, BCP, EDP, EDP Renováveis, Semapa e Sonae. São estas as seis empresas, além da Navigator, que fazem parte do índice português PSI-20 e das quais os analistas do CaixaBank BPI recomendam comprar ações. Duas delas, a EDP e a Sonae, estão na lista de runners-up, que junta as cotadas que não entrando para as favoritas, ficaram muito perto de o ser. A Semapa tem o potencial de subida mais alto, de 100%, seguido do da Altri, de 67%.

A recomendação de compra mantém-se em relação à Altri, mas o preço alvo eleva-se, de 8,90 euros para 9,40 euros, um aumento de 6%. Os analistas apontam dois fatores adjuvantes: a autonomização da participação de 58,72% que detém na Greenvolt, que foi anunciado como uma hipótese para 2022 nas contas no terceiro trimestre de 2021 e, por outro lado, a nova unidade na Galícia parece também prometedora. 

Ainda no setor do papel, a Semapa, que é dona da Navigator, parece que terá impulso tanto neste setor, apesar de maiores dificuldades serem esperadas no do cimento, no qual também possui atividade. O preço alvo dá um salto de 17,80 euros para os 23,40 euros, e a recomendação continua a ser de compra – a 14 de janeiro cotava nos 11,70 euros. 

Também a EDP não abandona a recomendação de compra, ao mesmo tempo que o preço alvo sai melhorado em 10 cêntimos, para os 6,10 euros. O interesse em fusões e aquisições e a estratégia de rotação de ativos são pontos a favor. A subsidiária EDP Renováveis vê uma dupla subida: a recomendação passa de neutral para compra e o preço alvo transforma-se de 25 euros para 25,50 euros, que compra com os 19,18 euros de 14 de janeiro. “Rotação de ativos com múltiplos atrativos deverá continuar a trazer cristalização de valor”, lê-se no relatório do Caixabank BPI. O BCP mantém tanto a recomendação, de compra, como o preço-alvo, de 21 cêntimos. custos mais baixos e receitas maiores são algumas das expetativas a suportar o otimismo. 

Por último, a Sonae passa de um preço alvo de 1,40 euros para um novo de 1,50 euros, e enquadra-se novamente na recomendação de compra. No caso desta empresa, a inflação deve ter um impacto positivo. As tendências de consumo devem continuar a suportar o desempenho em 2022. Pode extrair valor de novas reestruturações.