O número de mulheres em cargos de gestão deu um grande salto nos últimos anos, mas, por muitas voltas que se deem às estatísticas, em matéria de igualdade de género, as empresas portuguesas continuam a sair tremidas na fotografia. No universo de cotadas em bolsa, que desde 2018 são obrigadas a obedecer a quotas, as regras cumprem-se, mas apenas pelos mínimos legais — e com a maioria das mulheres a ser indicada para cargos não-executivos. Já nas 50 maiores empresas que estão fora de bolsa, livres de obrigações regulatórias, a percentagem de mulheres no topo dá um grande tombo.
A desigualdade e discriminação das mulheres no seio das empresas está longe de ser um problema exclusivamente português mas, seja por razões culturais seja pelo atraso com que os Governos abraçaram a promoção de políticas de igualdade, por cá, ele continua difícil de erradicar. Segundo o Livro Branco “Equilíbrio entre mulheres e homens e planos para a igualdade nos órgãos de gestão das empresas”, no espaço de praticamente duas décadas, Portugal deu um grande salto. Em maio deste ano, as 17 maiores empresas cotadas no Euronext Lisboa tinham 28,1% de mulheres nos seus órgãos de administração, uma percentagem bem distante dos 3,5% que existiam em 2003 e dos 5,4% registados em 2010. E se, “em 2010 estávamos na cauda da Europa, apenas com quatro países atrás de nós, hoje estamos quase na média europeia”, situa Sara Falcão Casaca, coordenadora do trabalho e professora do ISEG, onde o Livro Branco que será apresentado e debatido na próxima segunda-feira, dia 6. Contudo, olhando para os pormenores dos números, o progresso revela-se menos impressionante.