A Neuraspace não esconde ao que vai. “O nome faz referência aos neurónios, ou, se preferir, à inteligência no espaço”, explica Chiara Manfletti, diretora de Operações da startup e ex-presidente da Agência Espacial Portuguesa. Ao lado dela estão dois nomes pesados das tecnologias: Carlos Cerqueira, que seguiu várias startups no Instituto Pedro Nunes, de Coimbra, e Nuno Sebastião, líder da Feedzai, que é investidor e mentor da empresa que começou a operar este ano. No dia anterior, o Exército russo destruiu o satélite Kosmos 1408 com um míssil — e mais de 1500 destroços ficaram a orbitar, ameaçando outros satélites. Para a exploração espacial, o incidente é uma má notícia, mas para a Neuraspace é um sinal de que não faltam potenciais clientes para o serviço que estreia em 2022.
“É a síndrome de Kessler!”, atira Carlos Cerqueira, responsável pelo desenvolvimento de negócio, e logo Chiara Manfletti acrescenta: “É o nome dado ao efeito produzido pelos destroços no espaço. Os mais de 1500 destroços que resultaram da destruição do satélite russo vão ficar a pairar e, eventualmente, poderão chocar com outros satélites e provocar nova explosão, que, por sua vez, poderá gerar mais 1500 destroços, que, por sua vez, ficarão a pairar no espaço… ou seja, é algo exponencial.”