O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, ameaçou cortar o abastecimento de gás e outros bens que fluem através do seu país para a União Europeia, caso o bloco imponha mais sanções ao seu regime a propósito da crise de migrantes com a Polónia.

Lukashenko afirmou que a Bielorússia iria reagir a quaisquer sanções “inaceitáveis” por parte da UE, depois de a presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, ter declarado na quarta-feira que Bruxelas alargaria as sanções ao regime bielorrusso, dada a condução de migrantes que este tem feito através da Polónia.

As autoridades polacas disseram que 468 pessoas tentaram cruzar esta quinta-feira a fronteira entre a Bielorrússia e a Polónia ilegalmente, escreve a agência Lusa. Em outubro, cerca de 17.300 migrantes tentaram fazer este mesmo trajeto, e desde outubro

A hipótese de cortar o gás europeu surgiu em declarações à agência de notícias estatal Belta: “Estamos a aquecer a Europa, e eles estão a ameaçar fechar a fronteira. E se lhes cortarmos o gás? Recomendo que os líderes da Polónia, Lituânia e outras pessoas ‘sem cabeça’ que pensem antes de falar. Não nos vamos conter de forma alguma na defesa da nossa soberania e independência”.

Cerca de 40% do gás europeu provém da Rússia, e cerca de um quinto deste passou através da Bielorrússia em 2020, de acordo com analistas citados pelo "Financial Times". E esta é uma ferida aberta para a Europa, cujos preços do gás subiram a pique no último ano dadas as preocupações com o fornecimento à medida que o inverno se aproxima, e as reservas estão pouco preenchidas.

Os mercados reagiram a estas declarações com moderação, sendo que o contrato de gás de referência na Europa subia apenas 0,5% para os 71,85 euros por megawatt hora esta manhã.