Nos primeiros nove meses de 2021, o Novo Banco - agora sob a marca "novobanco" - registou um lucro de 154,1 milhões de euros, contra prejuízos de 853,1 milhões em igual período de 2020.
O Novobanco regista desde o início do ano resultados positivos, invertendo uma tendência de perdas desde que existe, quer enquanto banco de transição, quer enquanto banco em que a Lone Star tem 75% do capital.
"É o terceiro trimestre consecutivo de resultados positivos. Estamos na rota da rentabilidade, de crescimento e preparados para apoiar as empresas e a economia portuguesa. É um virar de página agora também assente numa nova imagem de marca", afirma, em comunicado enviado às redações, António Ramalho, presidente executivo do banco, que esta semana assumiu uma nova marca.
Na nota, o CEO acrescenta ainda que "os resultados positivos demonstram o crescimento do negócio sustentável com o produto bancário comercial a crescer 6,8%, ao mesmo tempo que os custos operativos caem 3,9%".
A margem financeira - diferença entre os juros cobrados e os juros pagos - do Novobanco cresceu 7,3% para 430 milhões de euros, o que, segundo o comunicado, reflete a redução das taxas médias dos depósitos, assim como um "menor custo do financiamento de longo prazo e a manutenção da política de preços", sublinha o banco. A ajudar os resultados estiveram também as operações financeiras. Estes foram positivos em 33,7 milhões, "maioritariamente justificados pelo aumento das taxas de juro de mercado nestes primeiros nove meses de 2021, e incluem o resultado da operação de troca de dívida cujo impacto foi negativo em 73,5 milhões de euros".
Custos caem, provisões afundam
No outro lado dos resultados, os custos operativos registaram uma queda de 3,9% face aos primeiros nove meses de 2020 situando-se em 305,7 milhões de euros, o que o banco explica com o "investimento no negócio e na transformação digital, o foco na otimização de custos e a implementação de melhorias ao nível da simplificação e otimização dos processos, traduzindo-se numa melhoria dos rácios de eficiência do banco". No fim de setembro, o grupo tinha 4.362 trabalhadores, menos 220 face ao início do ano, ao mesmo tempo que cortou 25 balcões.
Assim, na diferença entre o produto bancário e os custos, o Novobanco quase duplicou o seu resultado operacional para 367 milhões de euros. Nestes nove meses, não pesaram os 260 milhões de euros de perdas com os fundos de reestruturação que tinham penalizado as contas do ano passado.
Houve, também, alívio no dinheiro colocado de lado para perdas futuras: as imparidades e provisões caíram de 833,3 milhões para 159,6 milhões, ou seja, menos 80,8%. As imparidades e provisões específicas para crédito desceram de 383,3 milhões de euros para 115 milhões de euros em setembro de 2021.
Malparado volta a descer
Em relação à atividade, a carteira de crédito ascende a 23.462 milhões de euros, menos 2,6% face a setembro de 2020. O malparado representa 7,3% deste montante, abaixo dos 8,9% em dezembro passado.
Os recursos totais (onde se incluem os depósitos) somavam 32.697 milhões em setembro de 2021, subindo 2% face ao mesmo mês de 2020.
Em termos de solidez, o Novobanco registou um rácio CET1, o mais exigente na avaliação dos fundos próprios da instituição, de 10,9%, idêntico ao do fim do ano. Neste caso, o rácio não incorpora o capital que a instituição da Lone Star reclama ao acionista minoritário, o Fundo de Resolução, que ascende a 277,4 milhões, só relativos a 2020.
Há depois mais duas divergências sobre a aplicação da norma contabilística IFRS9, que levam o montante até perto dos 500 milhões, segundo calculou João Leão, ministro das Finanças. Se perder nos tribunais (judicial e arbitral), o Fundo terá de pagar estes montantes ao banco.