Na apresentação do Orçamento do Estado para 2022, João Leão entusiasmou-se e anunciou “o maior impulso macroeconómico de sempre”. Manter a meta de défice em 3,2% do PIB que vinha de abril, com um ponto de partida orçamental mais favorável e um crescimento económico revisto em alta para 2021 e 2022, permitem ao ministro das Finanças falar em política orçamental expansionista. Mas, seja qual for a métrica, está longe de ser um impulso significativo comparado com outros, que, por esse mundo fora, têm sido adotados durante a pandemia.
O indicador habitualmente utilizado para avaliar o impulso orçamental de cada ano é o saldo orçamental estrutural (que exclui o efeito do ciclo económico e medidas extraordinárias), que, como revelou João Leão, terá uma melhoria de 0,2 pontos percentuais. Por aí, o Orçamento não só não será expansionista como até será ligeiramente contracionista. O ministro desvalorizou, no entanto, esta leitura, uma vez que as medidas de emergência de combate à pandemia ou a forma de contabilizar as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência alteram a interpretação deste indicador.