O conselho de governadores do Banco Central Europeu junta-se esta quinta-feira para a reunião mensal onde se decide a taxa de juro de referência para o próximo mês.
Apesar de não se esperar alterações na taxa de juro atual de zero, a conferência de imprensa deverá ser, como é habitual, escrutinada pelo que Christine Lagarde, a governadora, dirá (ou não dirá) sobre o início do fim do programa de compras de emergência pandémica.
Com os investidores já consciencializados da possibilidade de a Reserva Federal dos Estados Unidos começar o corte do programa de emergência de compra de ativos mais cedo do que o previsto, isto é, já antes do final deste ano, o grande temor dos mercados tem sido a inflação.
Se, nos Estados Unidos, a inflação está muito acima do alvo definido pela Fed - nos 4,2%, quando deve rondar os 2% - na zona euro a taxa de inflação aumentou, em agosto, para os 3%, em máximos de 10 anos, mantendo a tendência de aceleração registada nos países da moeda única desde meados deste ano.
E, no que concerne a desempenho económico, este tem sido animador, com o PIB da zona euro a crescer, no segundo trimestre, mais de 14% face ao período homólogo - o que dá mais argumentos aos 'falcões', entre os quais o governador do Bundesbank, Jens Weidmann, que já alertou para os perigos de manter a inflação alta por muito tempo.
O programa de compra de ativos para estimular as economias do Euro na sequência da pandemia tem injetado nas 19 economias da moeda única 80 mil milhões de euros por mês num montante máximo de 1,85 biliões de euros até março do próximo ano.
Este programa ocorre a par do programa regular de compra de ativos do BCE, na ordem dos 20 mil milhões de euros mensais.
É antecipado pelos economistas que o BCE anuncie esta quinta-feira o início da redução da compra de ativos de emergência durante a pandemia, dizendo preto no branco aquilo que a Fed até agora só sugeriu.
A expectativa é que a redução seja dos atuais 80 para os 70, ou 60, mil milhões de euros mensais. Contudo, a decisão do montante exacto, segundo o "Financial Times", só deverá ser tomada lá para dezembro.