Economia

Preço da eletricidade no mercado ibérico atinge novo recorde esta segunda-feira

Preços do mercado grossista em Portugal e Espanha começarão a semana com um novo recorde de 124,45 euros por megawatt hora e as perspetivas para os dias seguintes apontam para a possibilidade de preços ainda mais altos

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O preço da eletricidade no mercado ibérico voltará a atingir um novo recorde esta segunda-feira, 30 de agosto. Segundo os dados do operador do mercado diário e intradiário (OMIE), o preço médio grossista da produção contratada para segunda-feira ascende a 124,45 euros por megawatt hora (MWh).

Este novo registo bate o anterior recorde de 122,76 euros por MWh, que tinha sido registado na passada quinta-feira, 26 de agosto, que, por sua vez, tinha ultrapassado a anterior marca máxima do mercado ibérico de eletricidade (Mibel), de 117,29 euros por MWh, a 13 de agosto.

O corrente mês de agosto tem sido marcado por sucessivos máximos históricos no preço da eletricidade no mercado grossista (ou seja, o preço da energia produzida antes de ser transportada e distribuída ao cliente final), devido, principalmente, ao encarecimento das centrais de ciclo combinado a gás natural.

Nos mercados internacionais o gás natural tem sido transacionado nos últimos dias a preços muito próximos do seu máximo histórico, e as licenças de emissão de dióxido de carbono (CO2) atingiram mesmo na sexta-feira um preço recorde de 59,9 euros por tonelada.

Estes fatores levam as elétricas que operam nos mercados grossistas a cobrar mais caro pela energia produzida pelas centrais alimentadas a gás natural.

Embora boa parte da geração de eletricidade na Península Ibérica continue a vir de fontes renováveis, há uma outra parte que continua a necessitar de eletricidade de outras origens. E o baixo volume disponível de energia eólica nesta altura do ano tem provocado um maior recurso às centrais hidroelétricas (também constrangidas pela escassez do seu próprio recurso, a água, no verão) e às centrais a gás.

O mercado ibérico tem um desenho segundo o qual o preço da eletricidade em cada hora equivale ao preço cobrado nessa hora pela última central necessária a responder à procura prevista para esse período.

Assim, se toda a produção disponível de preços mais baixos não chegar para cobrir o consumo previsto e for necessário recorrer a centrais mais caras (incluindo as centrais a gás mas também as barragens), toda a produção numa dada hora será remunerada ao preço das centrais mais caras (incluindo a produção das centrais que ofereceram preços mais baixos).

Em Espanha esta escalada do preço grossista tem um impacto mais imediato nos consumidores de eletricidade, já que as tarifas variam mensalmente em função do mercado.

Em Portugal a larga maioria das famílias tem contratos que lhes garantem um determinado preço válido por 12 meses, e normalmente só ao fim desse período o comercializador atualiza os seus preços.

No entanto, a escalada do Mibel já levou a Entidade Reguladora dos Serviços Energéticos (ERSE) a decidir em junho um aumento intercalar de tarifas, com um aumento médio de cerca de 3%, para as mais de 900 mil famílias no mercado regulado.

Os restantes 5 milhões de clientes no mercado liberalizado estão sujeitos à possibilidade de os respetivos fornecedores atualizarem os seus preços, o que depende da política comercial de cada um deles.

Próximos dias sob pressão

Os contratos futuros do Mibel, transacionados pelo operador do mercado a prazo (OMIP), apontam para que nos próximos dias os preços grossistas continuem sob pressão, não sendo de excluir novos recordes, em particular se a produção eólica permanecer reduzida.

Os futuros dos contratos diários para terça, quarta e quinta-feira estão todos acima dos 122 euros por MWh, baixando ligeiramente na sexta-feira para 121 euros por MWh. O preço diário real dependerá, contudo, dos contratos fechados na véspera, influenciados pela previsão de disponibilidade eólica e pelo caminho que levem o preço do gás e das licenças de CO2, entre outras condicionantes.

Na sexta-feira os contratos futuros para o mês de setembro fecharam a 113,5 euros por MWh (em meados de agosto chegaram aos 115 euros), mas os contratos para outubro estão nos 124 euros e para novembro perto dos 129 euros por MWh.

São valores especialmente elevados, atendendo a que a média histórica do Mibel, desde que este mercado ibérico foi criado, se situou entre os 50 e os 60 euros por MWh.

Já os contratos futuros para o primeiro trimestre de 2022 estão a ser transacionados a 114 euros por MWh, enquanto os futuros para o ano completo de 2022 estão nos 87,5 euros por MWh.