Economia

Há pelo menos 20 anos que não eram passados tão poucos cheques em Portugal

Caixas para levantamentos voltam a renascer em Portugal, segundo mostram dados do Banco de Portugal. Já os terminais para pagar em lojas dispararam para um recorde

getty images

Passar um cheque é coisa do passado. Pagar com cartões bancários nas lojas é coisa do presente. Estas são conclusões que se retiram dos dados que permitem fazer uma resenha histórica da atividade bancária, que foram atualizados para o último ano e divulgados esta terça-feira, 24 de agosto, pelo Banco de Portugal.

Voltando ao cheque, há pelo menos 20 anos que não eram passados tão poucos. Em 2020, ano da pandemia que colocou os portugueses em casa durante meses, foram emitidos mais de 15 milhões de cheques, o que quer dizer que foram movimentados mais de 41 mil cheques por dia. É uma quebra de 32% (quase um terço) face ao ano anterior, quando não havia covid-19.

Mas recuando ainda mais, até 2001, o último ano para o qual o Banco de Portugal apresenta dados, a evolução é ainda mais gritante. Nesse ano, houve 206 milhões de cheques a circular, ou mais de meio milhão por dia.

Além da pandemia, os bancos também desincentivam a utilização de cheques – que obrigam a um trabalho físico e não informático – subindo os seus preços. E também têm surgido outras formas de pagamento, mais ágeis, por via dos canais digitais.

Homebaking é que permitiu pagar em pandemia

Por exemplo, os pagamentos pelo homebanking (os sites e aplicações das instituições bancárias) dispararam no último ano, como já se sabe também devido à pandemia e ao incentivo à utilização dos canais digitais em vez da presença física nas agências. O crescimento foi de 25% na quantidade de operações (de 98 milhões para quase 122 milhões).

Por comparação, em 2001, quando a internet ainda não era massificada, eram 1,3 milhões as operações feitas por esta via.

Contudo, apesar do aumento das operações, o montante movimentado até diminuiu ligeiramente em relação ao ano anterior, estando perto dos 18,8 mil milhões de euros.

TPA em recorde, caixas automáticas renascem

A nível de pagamentos, os dados divulgados pela autoridade do sector revelam uma expansão pelo segundo ano seguido de caixas de levantamentos automáticos, após anos a cair desde o pico em 2010 (14 mil).

Em 2020 havia já novamente mais de 12 mil, chegando mesmo ao nível mais elevado desde 2016, ajudado também pelo surgimento de operadores que desafiam o incumbente Multibanco.

O que cresceu igualmente no ano da pandemia foi o número de terminais de pagamento automático, nas lojas e espaços comerciais, o que pode ser justificado pela sua aquisição de parte dos comerciantes, tendo em conta o desincentivo existente para os pagamentos em numerário devido à pandemia de covid-19 - e o incentivo aos pagamentos por via contactless (cartões ou telemóveis).

Nunca houve tantos TPA (quase 327 mil), segundo o histórico do Banco de Portugal.