Economia

Novo Banco tem primeiros lucros semestrais da sua história. Foram 137,7 milhões de euros

Mais margem, resultados com dívida pública a ajudar e menor constituição de imparidades justificam resultado positivo

Depois dos piores prejuízos semestrais da sua história alcançados há um ano, o Novo Banco teve agora os melhores resultados semestrais de sempre. Pela primeira vez há lucros. Entre janeiro e junho, o banco liderado por António Ramalho alcançou um resultado líquido de 137,7 milhões de euros.

O banco já tivera lucros no primeiro trimestre (70,7 milhões), mas aí não tinha sido inédito, pois já os tinha atingido em 2018. Mas, na soma de seis meses, nunca tinha conseguido lá chegar. O banco tivera sempre prejuízos nos primeiros seis meses dos anos desde que existe. Aliás, no primeiro semestre de 2020, as perdas atingiram os 555 milhões de euros, naquele que foi o pior primeiro semestre da sua história. Um ano depois, tem o resultado completamente inverso.

A gestão do banco, detido pela Lone Star, tem assegurado que a reestruturação ficou para trás e que está agora em busca da rentabilidade.

Dívida e swaps voltam a ajudar

Um dos motivos para o lucro foram os resultados em operações financeiras. Se tiveram um impacto negativo de 35 milhões no período homólogo, agora deram um impulso de 93 milhões de euros, “maioritariamente justificados pela evolução positiva das taxas de juro de mercado neste primeiro semestre de 2021”. No primeiro trimestre, o banco já tinha beneficiado deste fator com a gestão de títulos de dívida pública e de empresas bem como com instrumentos de cobertura de risco, os swaps (tal com a CGD).

Além das operações financeiras, a margem financeira (diferença entre juros cobrados em créditos e juros pagos em depósitos) subiu 13% para 289,3 milhões, um crescimento acima dos 3% das comissões. O banco registou ainda aqui ganhos com recuperação de crédito de 16 milhões.

Assim, na soma destas rubricas, o banco verificou um avanço de 67% do produto bancário, que se situou nos 489 milhões no primeiro semestre.

Os custos operacionais deslizaram 4,7% para 204 milhões, mas foi nas imparidades e provisões (dinheiro posto de lado para perdas futuras, por exemplo em créditos) que se marcou a grande diferença homóloga. No ano passado, o esforço nestas rubricas aproximou-se dos 350 milhões de euros, ao passo que no primeiro semestre não chegou aos 90 milhões.

Banco espera receber do Fundo mais de 300 milhões

“Em 30 de junho de 2021, o rácio CET 1 foi de 10,9% e o rácio de solvabilidade total situa-se em 12,8%”, que são os valores que estavam já alcançados em dezembro. Neste campo, há as divergências com o Fundo de Resolução (112 milhões bloqueados pelas Finanças e 166 milhões de euros de provisões para a venda em Espanha e para a valorização de unidades de participação), cujos impactos foram descontados dos rácios.

Ou seja, o banco espera ainda poder receber 277 milhões por duas destas divergências, tendo implementado ações nesse sentido – a primeira está em tribunal, mais propriamente na Relação; a segunda em tribunal arbitral.

Em tribunal arbitral, ou seja, com nomeados pelas partes, também segue ainda o processo sobre a aplicação de uma regra contabilística (a IFRS9), que envolve mais uma centena de milhões de euros. De qualquer forma, estes são montantes também a discutir, cujo desfecho poderá chegar até ao fim do ano.

Tendo em conta o resultado semestral, o banco detido pela Lone Star não estima precisar de uma capitalização do Fundo de Resolução no próximo ano, uma exceção face ao que acontece desde 2017, o ano da venda aos americanos. De qualquer forma, conta receber todos aqueles montantes em que diverge com o seu acionista minoritário.

Crédito recua, malparado também

O crédito a clientes desceu 0,4% face a dezembro, totalizando quase 25 mil milhões de euros, caindo nas empresas (1,3%) e nos particulares (0,5%).

O rácio de crédito malparado, o NPL, que estava em 8,9% em dezembro, desceu para 7,3% em junho. Havia, nessa data, 2,2 mil milhões de euros de crédito nesta situação quando, seis meses antes, estava nos 2,5 mil milhões.

No campo dos recursos de clientes, houve um aumento de 3,3% para cerca de 33 mil milhões de euros, 26,9 mil milhões dos quais depósitos.

(Notícia atualizada às 17h02 com mais informações)