O BCP alcançou lucros de apenas 12,3 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, um número que representa uma quebra de 84% em relação ao lucro de 76 milhões de euros no mesmo período do ano passado. A causa para esta quebra foi verificada no segundo trimestre, apenas entre abril e junho, em que o resultado do BCP foi negativo.
“O resultado está muito impactado pelas provisões de litigância no franco-suíço e também o aumento relevante das contribuições obrigatórias”, explicou Miguel Maya na conferência de imprensa de apresentação de resultados, esta segunda-feira, 26 de julho. Continuam, portanto, a pesar as provisões constituídas para fazer face a custos com o pagamento a clientes na Polónia que tinham créditos à habitação em francos suíços. O banco polaco já tinha anunciado os seus prejuízos no início desta segunda-feira.
Sem esse impacto, segundo o comunicado de resultados à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), o resultado líquido seria de 118,3 milhões, face a 95 milhões. “O resultado seria uma evolução favorável de 25%”, defendeu Maya, acrescentando que o Millennium Bank já não dá crédito em francos suíços desde 2008, pelo que o problema, ainda que pesado, não terá implicações eternas.
Porém, além do reforço de 214,2 milhões de euros “das provisões para riscos legais associados a créditos em francos suíços concedidos na Polónia”, há outros fatores a justificar o desempenho desfavorável do banco, tais como encargos de 87,2 milhões de euros na operação em Portugal “respeitantes essencialmente a custos de reestruturação”. A entidade com a Fosun e a Sonangol como principais acionistas tem um plano de rescisões em curso.
Menos 200 trabalhadores
O BCP deixou de ter um quadro de pessoal superior a 7000 trabalhadores no primeiro semestre deste ano, quando anunciou um programa de rescisão de pessoal, com intenção de fechar acordos com mútuo acordo.
Eram 6937 os trabalhadores da atividade nacional do banco no fim de junho, menos 217 do que em dezembro. A acompanhar esteve o encerramento de 35 balcões. Haverá mais cortes até ao fim do ano.
Vão sair até mais 900 funcionários
Na reestruturação de pessoal, com um custo em torno de 90 milhões para o banco, o BCP antecipa uma poupança anual de 35 milhões de euros. O número de trabalhadores atingidos vai ser entre 800 e 900, o que representa cerca de 13% do quadro de pessoal. A ideia é que saiam mais funcionários das sucursais, mas não muito distantes dos trabalhadores dos serviços centrais abrangidos.
O presidente executivo do banco já disse que se não alcançar o objetivo, avançará para medidas unilaterais, um tema, aliás, que levará Miguel Maya ao Parlamento na próxima quinta-feira.
BCP desenha novo plano estratégico
Olhando para a demonstração de resultados, o BCP verificou uma quase estagnação da margem financeira (diferença entre juros cobrados e juros pagos) e um aumento de custos (sobretudo os não recorrentes, relacionados com a reestruturação). Conseguiu, ainda assim, um resultado antes do impacto das provisões e imparidades 5% acima do período homólogo. Além das provisões para a Polónia, as restantes imparidades também sobem 31% sobretudo com a pandemia. E daí vem a quebra do lucro.
No semestre, houve mais recursos de clientes (mais 8,6%) e a carteira de crédito engordou (mais 3,4%). Já o rácio de exposições não produtivas, como crédito malparado, fixou-se em 5,2% em junho, abaixo dos 7% seis meses antes.
A nível de solidez, o rácio de capital mais exigente, CET1, deslizou 46 pontos base para 11,7%, mas ficando acima do mínimo exigido (8,828%).
Ao mesmo tempo que apresenta os resultados mais baixos do BCP, Miguel Maya apresentou o novo plano estratégico do banco para o próximo ano, admitindo que o plano que estava em vigor até ao ano passado não foi atingido em todas as suas dimensões (os custos continuam a estar acima do pretendido; a redução de crédito malparado atingiu o previsto).
(notícia atualizada às 17.38 com mais informações)