Economia

José António dos Santos renuncia à presidência da Caixa de Crédito Agrícola da Lourinhã

"Tenho a consciência tranquila e a plena convicção de que nenhuma actuação censurável me pode ser imputada", declarou o empresário no comunicado em que anuncia a renúncia do banco que liderou durante três décadas, após ter sido constituído arguido no processo que envolve também Luís Filipe Vieira

Ilustração Hélder Oliveira

O empresário José António dos Santos, acionista da Valouro e comummente referido como "rei dos frangos", anunciou esta quinta-feira a sua renúncia ao cargo de presidente da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Lourinhã.

A decisão é anunciada depois de aquela instituição financeira e o próprio Banco de Portugal terem informado que iam reavaliar a idoneidade do gestor.

"Sempre manifestei a vontade de, atingida a idade de 80 anos, terminar o meu mandato como presidente do conselho de administração não-executivo da Caixa de Crédito Agrícola Mútuo da Lourinhã", começa por contextualizar José António dos Santos, em comunicado.

"No decurso dos eventos que vieram a público, tomei na semana passada a decisão de antecipar para este momento o termo do meu mandato, que ocorreria em outubro deste ano. Assim sendo, remeti nesta data ao órgão competente da CCAM Lourinhã a comunicação da minha renúncia ao cargo, com efeitos imediatos", refere José António dos Santos.

"Sublinho que o fiz neste momento, na sequência da decisão já anteriormente tomada. Tenho a consciência tranquila e a plena convicção de que nenhuma actuação censurável me pode ser imputada. Não receio qualquer juízo sobre a minha conduta ou idoneidade, mas entendo que a instituição em causa deve ser protegida face a qualquer perturbação ou instabilidade que o actual contexto pudesse vir a causar", explica.

José António dos Santos é arguido no processo que investiga também Luís Filipe Vieira. Sobre ambos recaem indícios de crimes de burla qualificada, falsificação de documentos, branqueamento de capitais, fraude fiscal qualificada e abuso de informação.

O acionista da Valouro teve de pagar uma caução de 2 milhões de euros e está sem passaporte, com proibição de sair do país e de contactar outros arguidos ou elementos do Novo Banco.