Alexandre Fonseca, presidente da Altice Portugal, enviou um email aos trabalhadores onde abre a porta a rescisões unilaterais. É tempo de balanço, diz, mostrando-se violentamente crítico com atuação do regulador, e considerando que está penalizar fortemente o setor. "Há muito que vimos alertando para esta instabilidade e imprevisibilidade que têm e terão consequências graves e incontornáveis no mercado e na economia", salienta o gestor.
"A componente de Recursos Humanos é fundamental, pelo que continuará a ser uma área de análise e onde estamos a avaliar todos os cenários possíveis, onde se incluem medidas adicionais de reorganização, que podem passar por medidas de caráter unilateral, que nos permitam atingir os objetivos traçados para a estratégia de crescimento e sustentabilidade, no atual contexto nacional do setor”, pode ler-se na carta a que o Expresso teve acesso.
Os trabalhadores, sabe o Expresso, receberam a carta com apreensão, e leram nela um sinal de que as próximas rescisões possam ser o tiro de partida para que as saídas não sejam negociadas, como tem acontecido até agora. Tanto mais que Alexandre Fonseca deixou claro que todas as opções estão em aberto. E avançou que nas próximas semanas a empresa chegará a conclusões sobre as medidas adicionais a tomar quanto ao investimento e ao mercado.
A Altice Portugal chegou este ano a acordo para rescisão, no âmbito do Programa Pessoa, com perto de 1.100 trabalhadores, menos do que as cerca de 1.700 candidaturas recebidas, como salienta Alexandre Fonseca.
Com a saída de mais 1.100 trabalhadores, a Meo ficará com 6.500 trabalhadores, mais do dobro do que a Vodafone e a Nos juntas, salienta. O grupo Altice Portugal soma cerca de 12 mil postos de trabalho diretos e mais 15 mil indiretos.
O gestor, que está na liderança da Altice desde novembro de 2017, salienta que as saídas recentes na Altice resultam de um contexto adverso e de imprevisibilidade que se vive no setor. "O ambiente regulatório conturbado e hostil e a falta de visão estratégica nacional, a lamentável e preocupante situação do atraso do 5G”. lamenta.
Disparando em várias direções, inclusive sobre o Governo. Alexandre Fonseca fala em "decisões unilaterais graves, irrefletidas e infundadas de entidades como a ANACOM, a AdC e a própria tutela (de que são exemplos a transposição do CECE, a Tarifa Social de Internet ou a temática das fidelizações), colocam uma inigualável e tremenda pressão sobre o nosso futuro, no negócio e na sustentabilidade do mesmo a curto/médio prazo”.
A Altice está num "caminho cada vez mais estreito e instável, que obriga a medidas ainda mais exigentes” frisa. Não obstante, o gestor conclui que o futuro de Portugal passa inevitavelmente pela Altice.