Economia

Receitas da Altice Portugal crescem 5,1% para 549,1 milhões, mas pandemia afeta os meios libertos 

As receitas da Altice cresceram, com a operadora a mostrar "resiliência", afirma o presidente da operadora. Mas o EBITDA (meios libertos) recuaram 2,8% penalizados pelo impacto da pandemia no roaming e no segmento empresarial. Alexandre Fonseca volta a lamentar o atraso de Portugal na quinta geração

Alexandre Fonseca, presidente executivo da Altice Portugal
(c)christophe_guerreiro - Altice Portugal

As receitas da Altice Portugal subiram 5,1% no primeiro trimestre face a igual período do ano passado, para 549,1 milhões de euros, anunciou esta terça-feira a dona da Meo. A operadora salienta que o investimento subiu 6,8% para 111,3 milhões de euros, havendo 5,7 milhões de casas com fibra. Já o resultado antes de impostos, juros, depreciações e amortizações (EBITDA) recuou 2,8% para 204,3 milhões de euros.

A pandemia de Covid 19 afetou negativamente as contas da Altice Portugal no primeiro trimestre e o impacto fez-se sentir sobretudo ao nível do roaming, que recuou com a redução dos turistas, e no segmento das empresas (B2B), afirmaram os gestores da Altice Europa, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados do primeiro trimestre.

"A deterioração da situação pandémica obrigou a um novo período de confinamento durante o primeiro trimestre do ano, mas a resiliência da Altice Portugal ficou mais uma vez demonstrada pelo crescimento homólogo das receitas de 5,1%, atingindo 549,1 milhões de euros", refere o grupo liderado por Alexandre Fonseca, em comunicado, citado pela Lusa.

Para este resultado, adianta, "foi decisiva a evolução crescente e ininterrupta da base de clientes e de serviços da empresa, quer no negócio fixo, quer no negócio móvel, potenciando a liderança do mercado das comunicações nacional em todos os segmentos e produtos", adianta.

A Altice salienta que houve um aumento dos "custos diretos e comerciais" para suportar o crescimento da base de subscritores e a diversificação de portfólio.

Nos primeiros três meses do ano, o capex (investimento) fixou-se nos 111,3 milhões de euros, um crescimento homólogo de 6,8%. A empresa continua a investir em fibra. "No final de março de 2021, a Altice Portugal expandiu a sua rede de fibra ótica em mais 97 mil casas, das quais 73 mil foram realizadas na rede da FastFiber, encerrando o primeiro trimestre do ano com um total de 5,7 milhões de casas passadas", adianta a empresa em comunicado.

As receitas do segmento consumo subiram 3,3% para 305,7 milhões de euros, o que "espelha novamente a rota de crescimento do segmento, interrompido unicamente no segundo trimestre de 2020 pelo confinamento decorrente da situação pandémica"..

As receitas do segmento de serviços empresariais subiram 7,6% para 243,4 milhões de euros.

Face ao trimestre anterior, o último de 2020, a Meo "apresentou um decréscimo ligeiro [das receitas] de 1,2%, em resultado da contração nas receitas de vendas de equipamentos, normal após a quadra do Natal, e da diminuição das receitas de 'roaming in e out', pela situação de confinamento decretada neste período", salienta a Altice Portugal.

Entretanto, em comunicado citado pela Lusa, o presidente executivo da Altice Portugal, Alexandre Fonseca, afirma que o grupo "volta a dar provas da sua resiliência" num trimestre marcado pelo confinamento, mas avisa que o futuro do país "encontra-se comprometido", apontando o atraso do leilão 5G.

"Num trimestre marcado por um novo confinamento total, a Altice Portugal volta a dar provas da sua resiliência, bem patente no desempenho financeiro e operacional, que reforça a sua liderança absoluta em todos os serviços de telecomunicações", refere Alexandre Fonseca, citado em comunicado.


Alexandre Fonseca destaca o investimento "no reforço e expansão das redes e no apoio a áreas primordiais como a saúde, a educação e a proteção social", que "continuou a ser uma das prioridades" da Altice Portugal.

"Sempre defendemos a igualdade de oportunidades, sem discriminação social ou de territórios, e por isso mantivemos a nossa estratégia de levar fibra ótica a todos os portugueses", sublinha, acrescentando que em "resultado deste investimento totalmente voluntário, autónomo e privado da Altice Portugal" resultou na expansão da rede de fibra ótica, que contava no final de março com um total de 5,7 milhões de casas passadas.

"No entanto, apesar deste investimento ímpar que coloca Portugal como líder mundial na cobertura de redes FTTH ('Fiber To The Home'), o futuro do país encontra-se comprometido, com o atraso do leilão do 5G que se arrasta no tempo, há mais de três meses, mais precisamente 100 dias úteis de leilão em Portugal", aponta Alexandre Fonseca.

"O ambiente regulatório adverso e imprevisível e a forma como está a ser conduzido um dos 'dossiês' mais importantes dos últimos tempos para o futuro e competitividade da economia, colocam Portugal na cauda da Europa, como um dos três únicos países sem serviço comercial 5G", sublinha.

E "este quadro regulatório sem precedentes, agravado pela ausência de visão estratégica nacional para o setor, é grave e preocupante, tendo já consequências irreversíveis a nível económico, social e tecnológico, pondo mesmo em causa a manutenção dos nossos compromissos com o país na inovação e investimento", prossegue.

"Assim, no atual momento, teremos de analisar todos os cenários para que, com responsabilidade, possamos proteger a sustentabilidade da empresa dos impactos dos quais esta e o próprio setor têm sido alvo", conclui o gestor.