Atualmente em liquidação, BES “mau” - o veículo que ficou com a parte considerada tóxica da instituição financeira que não foi para o Novo Banco - viu o seu património ficar ainda mais desequilibrado no ano passado. Uma má notícia para os seus credores.
Foram, em 2020, cerca de 500 milhões de euros de agravamento do “buraco” deixado pelo que ficou no BES. No fim do ano, o capital próprio desta entidade, que ficou conhecida como BES "mau", era de 6,9 mil milhões de euros, mais do que os 6,4 mil milhões registado um ano antes, de acordo com o relatório e contas relativo a 2020.
Este indicador resulta de um ativo de 177 milhões de euros face a um passivo desta entidade que ascende aos 7 mil milhões de euros. Em causa estão as responsabilidades perante terceiros, como os detentores de dívida emitida quando era ainda banco.
O passivo aumentou em 2020 devido às 1946 impugnações feitas por credores à lista de créditos elaborada pela comissão liquidatária liderada por César Brito.
“Em função das respostas que foram dadas a cada uma das impugnações (versando sobre colocações de títulos de dívida de várias entidades do Grupo Espírito Santo, junto de clientes de retalho e institucionais, colocação de ações e obrigações do BES e outras situações) concluiu[-se] que era necessário proceder ao reforço das provisões já anteriormente constituídas no montante de 338 milhões de euros”, aponta o relatório. Com o aumento deste ano, ficam quase 1,9 mil milhões de euros de provisões para cobrir as impugnações. Só que é só contabilidade, porque, na prática, o pagamento será limitado.
Com estes números, o ativo do BES representa 2,6% das responsabilidades totais existentes, deteriorando-se ligeiramente face a 2019, o que é um indicador negativo para os credores que procuram, na liquidação, serem ressarcidos dos investimentos feitos no BES de Ricardo Salgado (que, depois de duas condenações definitivas nos processos de contraordenação do Banco de Portugal, pode agora livrar-se da terceira, devido a prescrições).