Casas mais pequenas, mesmo no segmento alto, com cozinhas reduzidas e salas encurtadas não servem. Mas há uma solução. Arquitetos e construtores não têm dúvidas: deitar paredes abaixo, ganhando casas amplas, de assoalhada única. Os apartamentos em open space (sem paredes interiores) estão a ganhar mercado e são já uma tendência: sem barreiras arquitetónicas, aumenta a área disponível, com menores custos, apesar da subida do valor por metro quadrado.
“Os apartamentos têm cada vez menos espaço e para ganhar áreas foram sacrificadas as cozinhas, que se fundiram com as salas”, explica Ricardo Costa, administrador executivo da imobiliária Luximus, sediada no Porto. Porém, alerta, a opção “tem subjacente um critério económico, justificado pela subida do valor por metro quadrado”. O executivo dá o exemplo do segmento alto, “casas com 200 m2 a 220 m2 e onde a cozinha não tem mais que 15 m2”. E com o open space a arquitetura consegue “otimizar o espaço, com a ausência de paredes”. É assim que surgem apartamentos em que “as cozinhas se fundem com a sala de jantar, criando espaços mais amplos”.
O administrador da Luximus classifica os open space “como uma tendência, induzida pela “geração millennial, que procura habitações mais ágeis e flexíveis”. Com uma arquitetura que “permite ganhar mais espaço, ao abrir paredes, tornando as casas amplas”, adianta o responsável. Com este desenho das residências, a vida familiar “tornou-se mais próxima, mais partilhada”, assume Ricardo Costa.
“Espaços integrados, entre cozinha, sala de jantar e de estar, que transmitem uma sensação de contemporaneidade”, explica Helena Costa, arquiteta da Obra Atelier. Entre as residências projetadas por este gabinete está a Casa dos Arquitetos, implantada num terreno em Vila do Conde, junto ao rio Ave. Neste imóvel a escolha do open space “facilitou a distribuição do mobiliário, ajustado aos diversos momentos da vida em casa”. A completar a habitação está uma “cobertura ajardinada, prolongando o jardim sobre o telhado, com ganhos na rentabilidade energética”, diz Helena Costa. Uma “simplificação que permite ter toda a família no mesmo espaço”. Como sucede numa outra casa, em Famalicão. A Casa das Fontes, construída nos anos 70 com seis assoalhadas, “foi reformulada em dois espaços”. Cozinha e sala foram integradas, com a demolição das paredes que separavam a varanda. Com a criação de “uma área social única” foi possível levar “o jardim para dentro de casa, fazendo com que os limites entre dentro e fora fossem eliminados”, revela Helena Costa.
Um aumento de áreas que também tem um preço. Nos Clérigos, no centro do Porto, a Luximus está a comercializar apartamentos em open space entre os €430 mil a €530 mil. Também no Porto, mas na Avenida Alvares Cabral, estes apartamentos surgem com valores entre os €290 mil e os €390 mil. Habitações com áreas entre os 43 m2 e os 89 m2 onde a sensação de áreas maiores foi conseguida através de “tetos com pé-direito altos, possibilitando o prolongamento da área útil do apartamento, mantendo a privacidade”, descreve o administrador da Luximus. E “a procura mostra que o mercado está a assimilar esta tendência”, garante.
Já a arquiteta da Obra Atelier sublinha que esta “tendência simplifica a construção, criando largueza com soluções técnicas”. Solução que traz “uma sensação de espaço maior, conquistado com o simples derrube de paredes”, conclui Helena Costa.