Os lucros do Santander Totta recuaram 44% no ano passado, situando-se em 295,6 milhões de euros. Apesar de o negócio bancário propriamente dito ter descido em torno de 4%, o maior contributo foi da rubrica de imparidades: o impacto negativo foi quase 4 vezes superior ao de 2019.
O resultado líquido do banco presidido por Pedro Castro e Almeida foi divulgado em comunicado, sem que tenha sido agendada qualquer conferência de imprensa (mesmo virtual, como os restantes grandes bancos nacionais).
Na prática, o banco foi, em parte, penalizado - como os congéneres - porque colocou dinheiro de lado para eventuais perdas decorrentes do contexto da pandemia de covid-19. A imparidade líquida de ativos financeiros (de 187,6 milhões de euros, face a 39,9 milhões em 2020) reflete “a incorporação da componente forward looking do cenário macroeconómico mais adverso, como patente nas diferentes projeções realizadas por instituições nacionais e internacionais”. “Esta evolução reflete um reforço preventivo, na medida em que a qualidade creditícia permanece sólida”, diz a entidade bancária detida pelo grupo espanhol. Aliás, o rácio de ativos não produtivos (NPE), onde está crédito malparado, caiu de 3,2%, em dezembro de 2019, para 2,6%, um ano depois.
Já a rubrica de provisões e outros resultados disparou de um contributo positivo em 2019 para um contributo negativo de 147,8 milhões. Esta alínea passou a incluir as contribuições para o Fundo de Garantia de Depósitos e Fundos de Resolução, nacional e único, que antes eram contabilizadas noutra rubrica, o que dificulta a comparação face ao ano anterior.
O que é certo é que, assim, a soma das rubricas de provisões e imparidades "comeram" 10 vezes mais de resultados do Santander em 2020 na comparação homóloga.
Menos negócio bancário
A nível de resultados, a margem financeira (diferença de juros cobrados e juros recebidos) deslizou 8,1% para 788,4 milhões de euros. As comissões líquidas recuaram 1,9%. Já os resultados obtidos em operações financeiras somaram 20,5%. Todas juntas, as rubricas conduzem a um produto bancário de 1317,7 milhões de euros, menos 4,3% do que no ano anterior – só que essa comparação homóloga não é exata, já que este ano não foi penalizado pelas contribuições para os fundos, que, como já referido, passaram a ser calculados como provisões.
Os custos operacionais do Santander Totta cederam 4,5% para 577,2 milhões, impulsionados sobretudo pelo corte de custos com pessoal – de recordar que o banco tem em curso uma estratégia de redução de pessoal, que tem aliás sido polémica.
Entretanto, “a carteira de crédito (bruto) atingiu 42,7 mil milhões de euros, subindo 6,8% face ao período homólogo”, com maior crescimento no segmento de empresas (impulso de linhas de crédito garantidas pelo Estado). Os recursos de clientes cresceram 1,9%, com a dinâmica dos depósitos, que somaram 2,3% e totalizaram 36 mil milhões.
Noutros indicadores, o retorno sobre o capital (ROE), que serve para mostrar a atratividade do investimento pelos acionistas, desceu de 12% para 6,9%, muito porque o capital do banco é elevado (e os bancos não puderam, em 2020, pagar dividendos). O rácio de capital mais exigente, o CET1, subiu, num ano, de 15% para 20,6%.
(notícia atualizada pelas 12h57 com mais informações)