Era verão, mais propriamente 4 de agosto, mas, por ali, há semanas que férias era uma ideia distante. Apenas há um dia, o Banco de Portugal anunciara o fim do Banco Espírito Santo (BES) como tal — ficou apenas com os ativos então classificados como tóxicos — e revelara a criação do Novo Banco, que herdou os ativos considerados saudáveis. Só que a separação entre ambos tinha de ser mais bem definida. Para onde iria, por exemplo, o direito sobre a Tranquilidade? E quem pagava as dívidas emitidas e nas mãos de investidores? Ora, por isso, naquele 4 de agosto de 2014, mais de uma dezena de intervenientes reuniu-se para responder a essas dúvidas. Entre eles, encontrava-se Pedro Siza Vieira, atual ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital.
Nessa reunião estavam dois diretores do Banco de Portugal, os administradores do BES e altos quadros do Novo Banco. Do lado do supervisor, o escritório de advogados Vieira de Almeida acompanhava; pelo Novo Banco estavam os advogados da Linklaters, entre os quais o então sócio Siza Vieira, que esteve neste escritório até integrar o Governo de António Costa (que, na altura da queda do BES, desafiava a liderança de António José Seguro no PS).