Economia

Banco de Inglaterra está preocupado com o início de 2021

O Banco de Inglaterra admitiu esta quinta-feira que o último trimestre de 2020 poderá ser pior do que o esperado e que os primeiros três meses do próximo ano estão condicionados pela incerteza. Na última reunião do ano, os banqueiros da libra decidiram não mexer na política de estímulos em vigor

Banco de Inglaterra mantém política de estímulos com taxa diretora em 0,1%
Peter Macdiarmid/Getty Images

O Banco de Inglaterra (BoE, na sigla em inglês) decidiu, por unanimidade, na última reunião do ano realizada quarta e quinta-feira não alterar o quadro de estímulos monetários em vigor, que se baseiam numa taxa diretora de 0,1% e num teto anual de compra de títulos de 895 mil milhões de libras (€994 mil milhões).

Mas o BoE mostrou-se mais pessimista sobre o andamento da economia britânica no final deste ano e preocupado com os primeiros três meses de 2021.

Os banqueiros da libra admitem, agora, que o quarto trimestre de 2020 poderá "ser mais fraco" do que o previsto na reunião de novembro e revelaram-se preocupados com o primeiro trimestre de 2021, em virtude do grau de "incerteza fora do comum" que continua a dominar a economia britânica.

Uma das preocupações é saber quais vão ser os impactos no começo do ano das medidas restritivas contra a pandemia tomadas no final de 2020.

As duas grandes incertezas

As duas incertezas sobre o próximo ano, citadas pelo comunicado oficial do BoE, respeitam à dinâmica da covid-19 (sob efeito da primeira vaga de vacinação) e ao desfecho das negociações entre Londres e Bruxelas sobre o acordo comercial pós-Brexit.

Os banqueiros da libra não sabem qual vai ser o impacto imediato "no comportamento das famílias e das empresas" das expectativas positivas sobre a vacinação.

O quadro de política monetária do BoE que está em vigor tem como pressuposto fundamental que o Reino Unido e a União Europeia chegarão a um acordo comercial do tipo do realizado por Bruxelas com o Canadá.

Na reunião de novembro, para fazer face à incerteza, os banqueiros da libra haviam decidido aumentar o teto do programa de compras em 150 mil milhões de libras (cerca de €170 mil milhões).

A economia britânica deverá registar em 2020 um colapso económico maior do que o da zona euro (uma quebra de 11% face a um recuo de 7,3% no caso da zona euro, segundo o Banco Central Europeu) e a inflação média anual deverá ser de 0,5% (face a 0,2% no caso da zona euro).

As projeções dos economistas apontam para uma recuperação económica acima de 6% em média nos próximos dois anos, uma dinâmica muito acima dos 4% em média na zona euro projetados pelo BCE.

Em virtude do salto no programa de compra de títulos pelo BoE desde abril deste ano, o valor dos ativos do banco subiu para 893 mil milhões de libras (€994 mil milhões), incluindo 740 mil milhões de libras (€822 mil milhões) na carteira de títulos adquiridos ao abrigo da política monetária de estímulos.

O valor dos ativos do BoE é sete vezes menor do que o do BCE e a carteira de títulos é cinco vezes mais pequena que a do banco central do euro.