Economia

Zona euro. BCE prevê quebra de 2,2% do PIB no 4º trimestre

Christine Lagarde adiantou esta quinta-feira uma previsão de quebra de 2,2% do PIB da zona euro no último trimestre do ano. No entanto, o Banco Central Europeu reduziu a dimensão da recessão no conjunto deste ano para uma quebra de 7,3%, mas está menos otimista sobre o crescimento no próximo ano

A presidente do BCE, Christine Lagarde
Vincent Kessler

O Banco Central Europeu (BCE) prevê uma quebra de 2,2% na economia da zona euro no quarto trimestre do ano, adiantou esta quinta-feira a presidente Christine Lagarde na conferência de imprensa em Frankfurt que se seguiu ao anuncio do reforço da 'bazuca' em €500 mil milhões.

O regresso à recessão no último trimestre do ano deve-se à "profundidade e duração da segunda vaga da pandemia", superior ao que era previsto, explicou a francesa.

Recorde-se que, ainda recentemente, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) avançou com uma previsão de quebra de 3% na zona euro para o período de outubro a dezembro.

Nos três cenários estudados pela equipa de economistas do BCE - o mais favorável, o de referência, e o mais pessimista - o intervalo da quebra do Produto Interno Bruto (PIB) no quarto trimestre deste ano varia entre 1,6% e 3,2%, com a projeção de uma queda de 2,2% no cenário de referência.

Esta quebra do PIB no último trimestre do ano é inferior há registada no primeiro trimestre (quebra de 3,7%) e fica muito aquém da profunda recessão do segundo trimestre (quebra de 11,7%). Depois de um primeiro semestre recessivo, o terceiro trimestre registou um crescimento de 12,5%.

Corte no otimismo em relação a 2021

A recaída em recessão no final deste ano vai ter impacto na dinâmica do próximo ano, tendo a equipa de economistas do BCE revisto em baixa o crescimento para 2021, de 5% (projetado em setembro) para 3,9% nas previsões divulgadas esta quinta-feira. E avançam com a projeção de um pico do desemprego na zona euro no próximo ano de 9,3%, muito acima dos 8% previstos para 2020. Num cenário mais pessimista, que designam por "severo", o crescimento em 2021 pode cair para 0,4%, quase estagnação, com a retoma económica plena a só se concretizar depois de 2023.

No entanto, a equipa está menos pessimista sobre 2020, e cortou na quebra prevista em setembro, que apontava para uma recessão de 8%. Agora, a previsão é uma quebra anual de 7,3%. O investimento e as exportações vão sofrer uma quebra inferior à que se previa.

Retoma completa em 2022

Em relação à aceleração da recuperação em 2022, a previsão subiu de 3,2% para 4,2%. Deste modo, o BCE espera que a retoma da crise se complete no final de 2022, durando dois anos, como já tinha avançado Philip Lane, o economista-chefe do banco.

A projeção menos otimista sobre 2021 e a necessidade de garantir uma aceleração do crescimento em 2022 levaram o BCE a decidir a extensão por nove meses - até março de 2022 - do programa de emergência de compra de ativos (conhecido pela sigla em inglês PEPP) e o seu reforço em €500 mil milhões.

A expetativa do BCE, expressada nesta conferência de imprensa por Lagarde, é que, no final, de 2021 já se tenha atingido uma imunidade de grupo face à covid-19, iniciando o ano seguinte num ambiente sanitário favorável à retoma plena.