A TAP vai ficar mais pequena, mas ainda assim as expectativas da administração liderada por Miguel Frasquilho e do Governo é que a companhia mantenha uma dimensão maior do que tinha antes da privatização, quando o norte-americano David Neeleman entrou no capital em 2015. O plano de reestruturação que o Ministério das Finanças irá apresentar em Bruxelas, a 10 de dezembro, prevê que a transportadora mantenha em atividade 88 aviões, mais 11 do que tinha quando Neeleman e Humberto Pedrosa se tornaram acionistas. É um número que dará à TAP uma dimensão que justifica o hub no aeroporto de Lisboa e que lhe permitirá continuar a fazer os voos transcontinentais para o Brasil e os EUA, na verdade aqueles em que a companhia tem uma vantagem competitiva. Caso contrário, a sua sobrevivência torna-se difícil. A TAP não tem músculo para disputar o mercado europeu.
É preciso, contudo, que a Comissão Europeia aceite suavizar a maneira como olhou para a situação da TAP, a única companhia europeia que se viu empurrada para um plano de reestruturação para empresas em dificuldades financeiras e não ficou ao abrigo dos auxílios de Estado, permitidos no quadro de exceção da covid-19. A TAP terá de atingir o break even, o chamado equilíbrio das contas, até ao final de 2021. Uma missão difícil de cumprir, já que em setembro a companhia apresentou um prejuízo de €700,6 milhões, com uma quebra de 66% das receitas, para €841 milhões, e um recuo dos gastos operacionais de 40%, para €1,4 milhões. Há ajustes pesados a fazer. Para que as receitas cresçam, a TAP vai precisar dos EUA e do Brasil e vai depender da generosidade da Direção-Geral da Concorrência (DG Comp), nomeadamente da sua permissão para manter slots essenciais nos seus mercados europeus e transatlânticos e uma frota à medida. A dimensão da TAP é, por isso, uma questão chave. A administração prevê um ajustamento até um máximo de 101 aeronaves até 2025, ainda assim menos do que os 105 aviões que tinha no início de 2020. A ideia é voltar a crescer.