Economia

Guia para a Web Summit. O que ver consoante o seu perfil

Um aficionado das tecnologias, um empresário, um político, um novato e uma pessoa que não gosta de tecnologias encontram-se na Web Summit. O que é que eles vão ver no primeiro dia?

As conferências da Web Summit costumam ser aproveitadas para reciclar conhecimentos
Tiago Miranda

A Web Summit 2020 vai contar com 5 canais de transmissão de videoconferências: um conhecido como Centre e que assume o papel do palco principal; um segundo dedicado a Portugal por se tratar do país anfitrião; um terceiro dedicado a temas da Sociedade; um quarto para temas mais tecnoloógicos (Builders) e por fim, um quinto canal que dedicado aos conteúdos (Creators). A estes canais há ainda que juntar as sessões de formação (Masterclasses), as mesas redondas com temas específicos e o imperdível mingle para socializar entre desconhecidos.

É a partir desta agenda que apresentamos aqui propostas para 5 perfis diferentes de visitantes da Web Summit. Em qualquer dos canais, há uma regra dominante: tudo é falado em inglês.

1- O novato

Vai pela primeira vez à Web Summit, possivelmente já ouviu falar no que lá passa, mas não tem ideias muito definidas sobre o que quer ver – ainda que essa até possa ser a condição essencial para a surpresa. Não tem nenhum objetivo ou preferência à partida, e pretende ter uma ideia abrangente do evento.

Proposta: Na quarta-feira, começa às 12h00 de quarta feira com a sessão de abertura no canal Centre que contará com a habitual presença do mentor do evento Paddy Cosgrave, juntamente com o primeiro-ministro António Costa e o Presidente da Câmara de Lisboa.

Logo de seguida, às 12h10, terá no mesmo Canal Centre a palestra de Ursula Von Der Leyen, presidente da Comissão Europeia, que vem a palco falar de uma Europa para todos. Se preferir a exploração do Espaço à política, mude para o Canal Builders para ouvir Peter Beck, da Rocket Labs falar.
Mas se não consegue escolher entre tecnologia e política não perca Ridley Scott a falar de democracia digital. Provavelmente, o que de mais parecido há com o cabeça de cartaz do evento deste ano.

Em alternativa, também poderá acompanhar Nicole Sahin, diretora da Globalization Partners, a falar de trabalho à distância.

Mais tarde, a atriz e realizadora Ana Rocha de Sousa fala da experiência de produzir de um filme durante a pandemia.

Para quem ainda está a dar os primeiros passos num evento em que o início de conversa costuma ser fácil, nada como aproveitar a principal novidade do formato digital, com uma ida ao mingle, para conversar com desconhecidos que aparentemente (ou segundo os algoritmos) têm interesses em comum consigo.

Em contrapartida, uma conferência sobre a longevidade etária talvez também possa ajudá-lo a pensar em prazos mais longos.Se ainda tiver mais algum tempo não perca a participação de Gwyneth Paltrow a falar de investimentos – mais ou menos à hora de jantar.

2- O empresário

Seguramente que não vai perder a cerimónia de abertura, mas provavelmente, vai ao evento para procurar oportunidades de investimento, ou apenas para conhecer tendências e pessoas com boas ideias. Mas antes disso pode começar como uma formação (ou masterclass) de Dilan Mizrakli Landgraff, diretora de Estratégia da Antler ou em alternativa, saber qual a estratégia que Takuya Hirai, ministro para a transição digital do Japão tem em mente.

Mais ou menos à mesma hora e a poucos cliques de distância há ainda uma conferência dedicada à Teoria da Evolução dos Unicórnios, mas imperdível será mesmo ouvir a líder do Nasdaq a falar do futuro dos mercados bolsistas.

José Woldring, diretora da Media Nanny, vai despertar o diretor de recursos humanos que há em cada empresário dissertando sobre a gestão de talentos em plena pandemia, e pouco depois será a vez de aprender a criar equipas autónomas.

Um guia para a resiliência, a importância da criatividade nos dias que correm e os investimentos a seguir para 2021 fecham a lista de recomendações para o primeiro dia.

O discurso de um lutador de Wrestling também poderá ajudar a pôr KO algumas ideias preconcebidas.

3- O aficionado das tecnologias

A escolha é variada – ainda que não seja raro ouvir alguns dos mais empedernidos “nerds” dizerem, à saída de algumas sessões da Web Summit, que a informação era demasiado “básica”. Num evento com uma assistência tão heterogénea, é natural que haja discrepâncias nas apreciações à densidade de cada palestra. Mas aqui vai uma proposta:

Ao final da manhã, poderá ouvir Dan Schulmann, líder da Paypal, a falar de uma época em que o dinheiro se tornou imaterial,

Em contrapartida, ouvir o diretor executivo do Tumblr a falar do que nos espera nas redes sociais é seguramente uma oportunidade de rever a matéria dada.

Mas antes de escolher a conferência do responsável da Tumblr, verifique se não prefere ouvir, mais ou menos à mesma hora, uma nova perspetiva sobre transações eletrónicas.

Se por outro lado, a sua praia é mesmo informática pura e dura talvez valha a pena ver o que é que a Accenture tem a dizer sobre sistemas operativos e computação baseada na Internet (cloud computing).

Os quartos de final da competição de startups (e muitas outras eliminatórias se seguirão) são também um bom “catavento” de tendências tecnológicas.

E porque o pai da Web tem sempre algo de importante para dizer, importa não esquecer o debate sobre o futuro desta rede que nos liga.

Por fim, um frente a frente entre Inteligência Artificial e Natureza, que tem o diretor de informação da Johnson & Johnson como principal protagonista e ainda um plano para reformular a Internet pelas mãos de um dos responsáveis da Dfinity.

4- O homem da política

A Web Summit tem um recheado cardápio de participações de foro político – pelo que a dificuldade recai mais na capacidade de conciliar horários. À hora de almoço, é possível começar a ouvir falar representantes da Embaixada do Chile a falar de mercados emergentes mas bem mais acutilante será provavelmente o debate sobre o perfil que os EUA necessitam para a presidência

Quem procura de negócios em África talvez deva fazer uma visita a uma sessão que tem como principal protagonista o diretor geral da Smart Africa equem prefere a política doméstica, possivelmente vai preferir um debate sobre políticas ambientais em Portugal .

No que toca à UE, Věra Jourová, vice-presidente da Comissão Europeia, vai explicar-nos o que está em jogo.

Um dos momentos altos do dia: Thierry Breton, comissário Europeu com a Pasta do Mercado Interno; Pedro Siza Vieira, ministro da Economia e Transição Digital falam da economia digital na Europa.

Se o interesse recair para lá das fronteiras da UE, talvez não deva perder uma sessão que dá a conhecer o que pensa a OCDE sobre a reforma do sistema fiscal global.

5- A pessoa que gosta de tudo menos de tecnologias

Desengane-se quem achar que a Web Summit nada tem para quem não gosta de tecnologia. O debate sobre o sistema prisional americano é uma prova disso mesmo e poderá ser também uma das opções a ter em conta fora dos bits e dos bytes.

Menos premente será a palestra sobre mergulhadores que saltam de ravinas de 35 metros de altura para o mar.

Pepe, central do FC Porto e da Seleção Nacional, dá o mote da liderança e a diretora de sustentabilidade da Amazon aponta para o clima do futuro .

Uma nova era para o desporto feminino pode ser um bom tema para o fim da primeira maratona de sessões, mas antes há que perguntar: já lhe dissemos que Gwyneth Paltrow fecha o primeiro dia da conferência ?