Economia

União de Associações do Comércio e Serviços diz que “podia ter existido um apoio como para os restaurantes, não na mesma proporção”

Governo anunciou para os restaurantes um apoio de 20% sobre a perda de faturação neste e no próximo fim de semana, devido ao recolher obrigatório entre as 13h e as 08h

MIGUEL A. LOPES/LUSA

Lourdes Fonseca, presidente da União de Associações do Comércio e Serviços da região de Lisboa (UACS) considera que “há uma discriminação positiva para a restauração” e não está convencida com a explicação apresentada pelo primeiro-ministro: o primeiro-ministro justificou a não inclusão do comércio neste novo apoio dizendo que "já não abre ao domingo e muitos já não abrem ao sábado à tarde". "A justificação poderá não ser a melhor porque o comércio também esteve fechado durante o primeiro confinamento”, diz a responsável da UACS, que reúne 13 associações e tem cerca de 3 mil associados.

“Poderia ter existido um apoio para o comércio como para os restaurantes, não na mesma proporção”, afirma, acrescentando que os comerciantes contavam com os fins de semana de novembro para as vendas de Natal, período que permitiria reduzir as grandes quebras de faturação provocadas pela pandemia.

Ainda assim, Lourdes Fonseca que o facto de quase tudo ter de fechar durante o recolher obrigatório deste fim de semana (excetuando farmácias, clínicas e consultórios, estabelecimentos de venda de bens alimentares até 200m2 com porta para a rua e bombas de gasolina) faz com que o “sacrifício seja repartido e equilibrado”. O que foi anunciado pelo primeiro-ministro é proporcional à situação”, diz Lourdes Fonseca. E perante a revolta instalada junto do comércio e da restauração, agravada pela tentativa do grupo Jerónimo Martins de antecipar para as 6h30 a abertura dos supermercados Pingo Doce este fim de semana, considera que o Governo acabou por “corrigir o tiro” ao não permitir a abertura de qualquer estabelecimento antes das 08h.

Quanto aos apoios anunciados na semana passada pelo ministro da Economia, Siza Vieira, Lourdes Fonseca diz que ainda nada se sabe como concorrer. “Não há medidas do Estado que vão além de dezembro. É preciso estendê-las até março”, aponta. “Não se sabe quando se pode concorrer, os processos burocráticos são muito demorados. Quando chegar a altura de o apoio chegar já passámos o limite de sobrevivência.” Lourdes Fonseca lembra ainda que “o lay-off era concreto, havia previsibilidade para as empresas de quando se ia receber”.

A responsável saúda os apoios anunciados esta quarta-feira pelo presidente da CML, Fernando Medina, pois podem ser uma “balão de oxigénio” para muitas empresas que enfrentam enormes perdas de faturação.