Mário Ferreira já é, neste momento, o principal acionista da Media Capital. Este é o resultado da alienação de parte da participação atribuída até aqui ao grupo espanhol Prisa. Uma venda que a Prisa está a fazer a investidores já anunciados, ainda que com várias mudanças.
Esta segunda-feira, a Prisa começou a assinar a venda com vários dos potenciais investidores com que já tinha acordado a promessa de alienação. Segundo comunicou ao final do dia ao regulador espanhol, a companhia que publica o El País executou a venda de 43,27% do capital social da Media Capital, sendo que tinha uma posição de 64,47%. “Está em marcha o processo de execução das restantes compras e vendas, de cuja finalização se dará conhecimento ao mercado quando se produzir”, adianta.
Com as vendas já realizadas, a Prisa recebeu já 24,7 milhões de euros do encaixe de 36,8 milhões que espera receber com estas operações – um valor insuficiente para evitar perdas nas suas contas, dado o reduzido preço de alienação quando comparado com o valor a que a Media Capital estava registada.
Com a Prisa de saída, Mário Ferreira, com 30,33% da Media Capital desde maio passado, assume o papel de principal acionista através da sua Pluris Investments. Apesar de não ter o controlo do grupo (a posição nem supera os 33%), o empresário da Douro Azul enfrenta um processo de contraordenação aberto pela Entidade Reguladora para a Comunicação Social (ERC) por suspeitas de ter assumido o poder na TVI sem pedir autorização prévia.
Essa averiguação da ERC, que pode levar à suspensão da licença ou até mesmo à reversão do negócio, não impediu que a Prisa passasse a sua posição aos investidores com que já tinha assinado, em setembro, os contratos – ainda que sujeitos a condições. A autorização dos credores da Prisa para estas operações já chegou, pelo que agora já começou a assinar os contratos.
Mudanças nos novos acionistas
O veículo Triun, de Paulo Gaspar, do grupo Lusiaves, é já o segundo maior acionista da Media Capital, proprietária da TVI, Rádio Comercial e da produtora Plural. Adquiriu uma posição de 23% (quando o contrato inicialmente apontava para os 20%), num aumento que, como o Expresso noticiou, se deve a investidores que recuaram ou que reduziram as suas posições.
O comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) não faz menção ao preço da aquisição, mas o preço por ação nestas transações rondou os 67,6 cêntimos, pelo que o investimento total terá sido de 13,1 milhões de euros (quando se antecipava de 11,4 milhões, quando a posição era apenas de 20%).
Parceiros de Tony Carreira mudam
Entretanto, a sociedade Biz Partners também já efetivou o investimento na Media Capital com a aquisição de 11,9725%. É aqui que Tony Carreira, através da Regimidia, fará o seu investimento, que corresponderá a cerca de 1% do capital da dona da TVI.
A Tensai Indústria, que era a principal detentora deste veículo, deixou de ter uma posição, permitindo à Hiper Go, de Braga, ocupar essa posição. Há mais saídas e entradas, como o caso da Benecar, da Benedita, com posição idêntica à do músico português.
Não houve ainda mais comunicações à CMVM sobre as aquisições de participações (Cristina Ferreira e Pedro Abrunhosa foram alguns dos investidores que anunciaram o acordo para a compra), o que acontecerá à medida que as vendas forem sendo concretizadas.
Em espera está a possibilidade de Mário Ferreira vir a aumentar a sua participação na Media Capital através de uma OPA obrigatória (por ter assinado em maio um acordo parassocial com a Prisa que lhe deu uma influência que não tinha sido validada) - falta a decisão final da CMVM - bem como a hipótese de a concorrente Cofina, dona da CMTV, lançar também uma OPA.