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Economia

Reportagem. Indústria têxtil reinventa-se para mascarar a crise

As empresas começaram a responder à pandemia num tempo recorde de duas semanas. O sector tirou trabalhadores do lay-off, recuperou gás nas exportações, tornou-se um case study internacional. Agora, promete continuar a surpreender o mundo com máscaras inovadoras e tecnologia

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O olhar está fixo na mesa de trabalho, mas as mãos repetem sem parar movimentos rápidos e seguros, já automáticos para quem passa o dia a fazer máscaras, numa cadência de produção mensal que chega às 700 mil unidades, em três turnos. Na Polopiqué, na liderança do ranking das maiores têxteis nacionais, com um volume de negócios de €115 milhões e 850 trabalhadores, as máscaras e equipamentos de proteção (EPI) respondem por 5% das vendas e “trouxeram novos clientes, um novo segmento que é para manter”, garante Jorge Marques, responsável por esta área de negócio.

Antes da pandemia, as 50 mulheres que trabalham nesta confeção, em Celorico de Basto, faziam roupa para os espanhóis da Inditex, o maior cliente do grupo. No dia em que o uso de máscara na rua se tornou obrigatório em Portugal, faziam máscaras para uma empresa do centro da Europa que as vende em todo o mundo. São azuis por fora, cinzentas por dentro, combinando malha, tecido, elástico, etiqueta, um filtro interior e um acabamento com propriedades antivirais e antibacterianas até 200 lavagens. O corte é feito noutra unidade e “o rigor é milimétrico”. Uma peça como esta “tem muito detalhe e um milímetro de desvio dá asneira”, explicam.