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Economia

Lagarde já fez baixar para metade o custo de emissão da dívida portuguesa

No domingo, a presidente do Banco Central Europeu completa um ano de mandato. Não conseguiu estimular a inflação na zona euro, que caiu para terreno negativo desde agosto, mas os programas de compra de ativos reduziram o custo de emissão da dívida portuguesa de 1,1% para 0,6%

Lagarde prevê uma recessão “sem precedentes” na zona euro
ADRIAN PETTY /EPA

Ao fim de um ano de mandato como presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde passou o teste do choque da pandemia da covid-19, revelou os seus dotes políticos neutralizando o ultimato do Tribunal Constitucional alemão e tornou o endividamento público ainda mais barato, nomeadamente para Portugal. Mas falhou, redondamente, no cumprimento do objetivo central da política monetária, o de impulsionar o nível de inflação na zona euro para próximo de 2%. “Isso está a minar a credibilidade do BCE”, sublinha-nos Éric Dor, diretor de Estudos Económicos no IESEG na Universidade de Lille, em França.

Para discutir os porquês deste falhanço, Lagarde lançou um plano de revisão estratégica da política monetária do BCE, que já não se realizava desde 2003. A reflexão interna, que implica também a audição externa do que a francesa chamou de sociedade civil, deverá estender-se até ao verão do próximo ano. Lagarde já admitiu, na semana passada, que o BCE terá de estar aberto a “alargar os seus horizontes” e a “lidar com novos temas” (como a inflação cronicamente baixa, a mudança climática e a digitalização das divisas). A presidente poderá dar sinais sobre o andamento desta revisão na reunião de quinta-feira do BCE, a penúltima do ano.